Maputo (Moçambique) - Pela primeira vez, um homem albino foi eleito para um cargo político na Tanzânia. Salum Khalfani Bar'wani tornou-se deputado e vai representar Lindi Urban, região no Sudeste da Tanzânia, na Assembleia Nacional do país por um partido de oposição.
Pessoas que sofrem de albinismo são alvos frequentes de perseguição e ataques, por causa da crença local de que o uso de partes de seus corpos em rituais de magia pode trazer boa sorte.
O governo faz campanhas de esclarecimento e contra a discriminação, mas os assassinatos ainda são relativamente frequentes no país e no vizinho Burundi. Em agosto, um tribunal tanzaniano sentenciou um queniano a 17 anos de prisão por tentar vender uma pessoa albina a curandeiros.
Em entrevista à BBC, o recém-eleito disse que “sua alegria não tem fim” porque o povo de Lindi reconheceu que os albinos são capazes. Mas ele também creditou a vitória ao descontentamento popular com o atual governo, do Partido da Revolução (CCM – Chama Cha Mapinduzi, na língua local, suahili). Salum Khalfani Bar'wani é da Frente Cívica Unida (CUF).
A Tanzânia promoveu eleições gerais no domingo (31). O atual presidente, Jakaya Kikwete, é apontado como favorito na disputa com mais seis candidatos. No total, 19 milhões de eleitores estavam aptos a votar. O mandato presidencial na Tanzânia é de cinco anos.
De acordo com os observadores da União Europeia, a eleição foi “pacífica e ordeira no geral”. Mas, ainda segundo os especialista europeus, “pontos-chaves do processo careciam de transparência”.
A demora na divulgação de resultados oficiais causou confrontos. Oposicionistas acusam a polícia de dispersar manifestações com bombas de gás em Dar Er Salam, capital do país, e também nas cidades de Arusha e Mwanza. Mesmo durante a eleição, jatos de água foram usados contra eleitores nas proximidades de um local da votação.
Nesta quarta-feira (3), líderes da oposição solicitaram à Comissão Eleitoral que pare a contagem, denunciando fraude. A apuração está demorando mais que o esperado pelos analistas locais.
A Tanzânia é a segunda maior economia do Leste africano, atrás apenas do Quênia. Tem aproximadamente 40 milhões de habitantes. Tornou-se independente do Reino Unido na década de 60, mas ganhou os contornos atuais em 1964, com a união dos estados de Tanganyika e Zanzibar.
Viveu sua primeira eleição somente 31 anos depois, ao sair do regime de partido único. Suas votações anteriores já tiveram os resultados contestados, inclusive por observadores internacionais.
O país está no grupo dos 10 mais pobres do mundo no critério de renda per capita. Uma recente reforma no setor bancário deu fôlego à economia, que cresceu estimados 6% em 2009, mesmo em meio à crise mundial.
Agência Brasil
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