terça-feira, 20 de março de 2012

DEPUTADOS PRETENDEM ELABORAR NOVA LEI PARA A CONSTRUÇÃO DE PRÉDIOS


O presidente da Comissão de Obras Públicas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Domingos Brazão (PMDB), pretende utilizar o corpo técnico dos engenheiros que buscam as causas do desabamento, em janeiro, dos três edifícios da Avenida Treze de Maio, no Centro do Rio, para elaborar uma nova legislação capaz de dar mais segurança à população. O objetivo é conseguir maior fiscalização nas construções e nas reformas dos prédios erguidos no estado. O assunto foi discutido nesta segunda (19), durante audiência conjunta com a Comissão de Defesa Civil da Casa, presidida pelo deputado Altineu Cortes (PR).

“Evitar novos acidentes é nossa principal preocupação. Vamos fazer outras reuniões para esclarecer a queda dos prédios e oficiar a Prefeitura do Rio e os bombeiros para conseguirmos mais documentos. Outro caminho é usar todo esse corpo técnico para ajudar a formar uma lei que possa dar mais segurança ao povo do nosso estado”, reiterou Brazão. Durante a reunião, ele ainda comentou sobre os possíveis motivos para a queda dos três prédios: “A idade do prédio principal e suas transformações ao longo dos anos foram debatidas como hipóteses para a tragédia. Ninguém ainda se arrisca a dar uma causa clara para o desabamento”.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro, Agostinho Guerreiro, comentou sobre as possíveis causas para a tragédia. “Aquele prédio foi muito alterado ao longo de sua história. Também tivemos intervenções diversas, como janelas abertas e reformas. Todas essas modificações podem ser alocadas como responsáveis pela queda. Iremos chegar a uma conclusão dentro de algum tempo”, disse. Segundo o engenheiro civil e coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea-RJ, Edison Ribeiro, existe a possibilidade de não haver como identificar os motivos que levaram ao desmoronamento.

Ainda de acordo com Ribeiro, a rápida retirada dos destroços impossibilitou alguns testes que poderiam apontar as causas da tragédia. “A retirada do material foi para fins humanitários e isso justifica tudo. Mas é evidente que houve um prejuízo”, comentou o coordenador. Ele explicou quais serão os próximos passos da perícia: “Vamos recolher depoimentos e faremos relatórios para que sejam levantadas as hipóteses. Depois disso, com um consenso, vamos passar de uma hipótese para uma teoria e, daí, tentar confirmar essa teoria em números matemáticos. No final, apresentaremos um relatório que pode dizer até que não foi possível identificar as causas”.

O diretor-geral de Policia Técnico Cientifica do Instituto Carlos Éboli, Sérgio Costa Henriques, confirmou o número de 18 mortos na tragédia e comentou a situação dos desaparecidos. “Temos também mais cinco famílias que reclamaram por pessoas desaparecidas, sendo que dois desses já foram identificados por DNA. O Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense trabalha ainda em vários restos mortais na tentativa de identificar mais três pessoas. Estamos trabalhando com amostras degradadas e corpos carbonizados e isso faz com que levemos mais tempo para dar resultados”, esclareceu o diretor.

O comandante do Grupamento de Busca e Salvamento dos bombeiros, coronel Roberto Sobral Júnior, comentou que a força do desabamento impossibilitou a localização de todos os corpos. “A força da queda, com a quantidade de material pesado, como lajes e metais, somada ao incêndio fez com que muitos cadáveres ficassem mutilados. Eu encontrei um corpo de uma senhora sem a cabeça. Os cães encontraram pedaços de corpos por vários locais. O desmoronamento foi tão forte que um carro ficou do mesmo tamanho de cinco resmas de papel”, exemplificou o coronel.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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