O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Marcelo Freixo (Psol), vai solicitar à Secretaria de Estado de Segurança Pública que inclua no Sistema Integrado de Metas da pasta a letalidade violenta de jovens, principalmente negros. O anúncio foi feito nesta segunda (19), durante audiência pública do colegiado. “Os jovens negros morrem numa proporção de 2,3 para cada jovem branco, ou seja, um jovem negro tem 2,3 vezes mais chances de ser assassinado do que um jovem branco. Defendo uma política específica para essa juventude negra, então é fundamental que seja meta da Secretaria de Segurança a redução dos homicídios, mas não genericamente, porque tem que focar na juventude negra”, ressaltou.
A Secretaria de Segurança monitora os resultados de um sistema baseado em indicadores estratégicos de criminalidade que permite a criação de metas previamente estabelecidas de acordo com delitos escolhidos. O batalhão que consegue reduzir a criminalidade em determinada área é premiado. “O que estamos solicitando é que essa meta possa incluir um dado específico, que é a redução da morte de jovens, principalmente negros, porque quando você olha o quadro de quem está morrendo por uma ação violenta, são fundamentalmente jovens de 15 a 29 anos, um número absolutamente desproporcional a outras faixas etárias”, disse Freixo, ressaltando que os números têm aumentado.
Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Daniel Cerqueira apresentou dados que mostram que, a cada ano, uma proporção maior de jovens, cada vez mais novos, são assassinados. O perfil desses jovens, vítimas dos vários tipos de mortes violentas, é em sua maioria de homens, negros ou pardos, com baixa escolaridade, mortos por armas de fogo. Cerqueira comparou esses números a de uma situação de guerra. “No Brasil, de um modo geral, a violência letal, sobretudo contra jovens, é absurda. No estado do Rio estamos falando de 103 jovens mortos por ano, para cada cem mil habitantes. Hoje as crianças que nascem no estado, do sexo masculino, tem a expectativa de vida reduzida em um ano e quatro meses”, disse.
Segundo a coordenadora da ONG Observatório de Favelas, Raquel Willadino, uma pesquisa feita em 16 regiões metropolitanas em todo o país revela que apenas 16% dos programas de enfrentamento da violência desenvolvidos nos últimos anos por estados e municípios levaram em conta a questão de gênero. No caso da questão racial, o percentual cai para 8%. “A tendência nacional, desde 2002, é de queda no número de homicídios da população branca e aumento no número de homicídios da população negra. Isso precisa ser levado em conta”, ressaltou Raquel. Chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Pedro Prata afirmou que a pasta foi a primeira a fazer a adesão voluntária ao Plano Juventude Viva, um projeto do Governo Federal que irá trabalhar, no estado, a prevenção à violência contra jovens negros. “A gente quer enfrentar essa violência contra a juventude negra. O plano não ficou parado desde a adesão, temos conversado desde então com os 13 municípios que vão receber o plano e a previsão é de que ele seja efetivado já no próximo mês”, salientou Prata.
Comunicação Social da Alerj
Nenhum comentário:
Postar um comentário