Empresários do ramo artístico ouvidos nesta segunda (23) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que investiga a falsificação de carteirinhas estudantis no estado mostraram-se favoráveis à indicação de um único órgão para a emissão do documento no Rio. Eles concordaram com o presidente do colegiado, deputado Rafael Picciani (PMDB), que acredita que o Governo do estado, através da Secretaria de Estado de Cultura, deve ser o responsável por emitir as carteiras.
“Acredito que deve haver um documento de identificação estudantil único no estado, pois todos são prejudicados pelas falsificações. Os empresários se veem obrigados a aumentar o preço dos ingressos e os estudantes acabam não se beneficiando de seu real direito”, completou o parlamentar. Rafael também disse que a instituição responsável pela emissão deve cuidar do acesso à cultura nos locais desprovidos de equipamentos culturais. “Seja qual for a instituição, ela terá o compromisso de retribuir ao setor, ou seja, se ela vai arrecadar com a emissão, deve investir em municípios que ainda não têm cinema, teatro e afins”, sugeriu.
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Empresários Artísticos (Abeart), Ricardo Chantilly, o estudante hoje paga o valor inteiro dos ingressos, o cidadão comum paga dobrado e os empresários, com isso, acabam arcando com eventos cada vez mais vazios. “Atualmente, as pessoas compram as carteirinhas por apenas R$ 30. Por que beneficiar empresas de fora do ramo da cultura se não sabemos para onde vai o dinheiro arrecadado?”, indagou o empresário. Para Chantilly, o Governo também deveria ser o responsável pelas emissões e a verba angariada com o processo, destinada à cultura e ao lazer.
O relator da CPI, deputado Gustavo Tutuca (PSB), alegou que as pessoas que compram carteirinhas falsas não encaram a ação como crime e que não cabe aos parlamentares revogar a Lei da Meia-Entrada, que institui a cobrança de meia-entrada em estabelecimentos de cultura e lazer, mas sim criar um dispositivo que fiscalize e garanta o seu cumprimento. “Estamos providenciando a realização de blitz nos cinemas e nos teatros, pois, dessa forma, com certeza, o uso de carteirinhas falsas será inibido”, apontou Tutuca.
A vice-presidente da CPI, deputada Myrian Rios (PDT), contou que, nos últimos dias, levou seus filhos ao cinema e que teve que mostrar ao bilheteiro o comprovante de pagamento da mensalidade escolar e as carteirinhas de estudante para pagar meia-entrada. “Os bilheteiros não podem ser responsabilizados pela fiscalização das carteirinhas. Esta situação é muito desagradável para ambos os lados”, comentou.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário