segunda-feira, 1 de agosto de 2011

As últimas batidas do surdo: 10 escolas de samba vão virar blocos de enredo até 2014

Desde o carnaval de 2008, a Liesa reduziu o número de escolas no Grupo Especial de 14 para 12. Com isso, agremiações como Império Serrano, Caprichosos de Pilares e Estácio de Sá perderam espaço, ficaram relegadas aos Grupos de Acesso e, a cada ano, perdem força. Agora, o fenômeno que aconteceu com as grandes potências vai se repetir no andar de baixo.

A partir do ano que vem, os grupos C, D e E vão rebaixar seis escolas por ano e, até 2014, dez escolas de samba vão ser obrigadas a virar blocos de enredo — que desfilam na Avenida Rio Branco, em 45 minutos, com dois carros alegóricos e 400 pessoas. Isso quer dizer que podem entrar num caminho quase sem volta, em que uma das hipóteses mais prováveis é enrolar a bandeira.

Hoje, os grupos C, D e E, são formados por agremiações de importância histórica para o carnaval, como Em Cima da Hora, União de Vaz Lobo, Unidos da Ponte, Vizinha Faladeira, Leão de Nova Iguaçu, Unidos do Jacarezinho, Unidos de Lucas e Lins Imperial.

Segundo Eduardo José, presidente da Associação das Escolas de Samba, a entidade responsável por esses grupos, a mudança vai ser uma "maravilha", porque vai dar mais força a esses desfiles.

— A medida vai qualificar as escolas dos grupos C, D e E, não permitindo que elas fiquem acomodadas. Os presidentes vão ter que investir o dinheiro no carnaval, se esforçar pra botar a escola na rua.

O presidente da Associação não se mostra preocupado com o fato de as escolas enrolarem bandeira:

— Elas não vão acabar. Vão virar blocos de enredo, que fazem um ótimo desfile também. É bom porque assim elas podem se reestruturar para voltar mais fortes como escolas de samba.

Por trás da iniciativa de valorizar os grupos de Acesso está uma razão mais palpável: dividir a subvenção por menos escolas. Ou seja, a partir de 2014, o dinheiro da Prefeitura vai ser repartido por menos agremiações e, assim, sobra mais dinheiro para todo mundo.

— A subvenção já é muito pequena para estes grupos. É claro que vai ser melhor dividir dessa forma. Hoje as escolas do Grupo C recebem cerca de R$ 70 mil; as do Grupo D, R$ 40 mil; e as do Grupo E, apenas R$ 25 mil — conta Eduardo José.

A Prefeitura, que é a financiadora da festa, disse, através da assessoria da Riotur, que apenas "dá suporte logístico e operacional para as decisões da associação, mas não interfere nelas".

Escolas estão preocupadas com o futuro

Com 30 anos dedicados à Vizinha Faladeira — sambando ou costurando fantasias e adereços —, Jorge Alexandre assumiu a presidência administrativa da escola há 20 dias. Ele sabia bem o desafio que teria pela frente: falta de estrutura e de incentivos são velhos conhecidos das escolas dos grupos C, D e E. Essa semana, no entanto, teve outra surpresa ao ser informado também das mudanças de rebaixamento.

— Agora não podemos dar um vacilo em nada porque podemos cair. A Vizinha, que está no Grupo D, é uma das escolas mais tradicionais do carnaval, uma das mais antigas do Rio e não queremos que ela acabe — diz, preocupado.

Presidente da União de Vaz Lobo, Adriano Jesus do Amaral também teme o futuro:

— A justificativa (para as mudanças) é organizar o carnaval. Mas as agremiações desses grupos não podem pagar por administrações erradas. As escolas que caírem do Grupo E tendem a sumir — endossou.

Já o vice-presidente da Lins Imperial, Jorge Torresmo, acredita que, com a redistribuição da verba entre as escolas, será possível reforçar a estrutura dos barracões e promover desfiles melhores.

Extra 31/07/11

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