A Comissão de Transporte da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo deputado Marcelo Simão (PSB), comprometeu-se a encaminhar todas as exigências de melhorias no sistema do Bonde de Santa Tereza, feitas pela Associação de Moradores e Amigos de Santa Tereza, ao Governo do estado. A decisão foi anunciada nesta quinta (15), durante audiência pública realizada pelo colegiado para apurar as consequências do acidente que matou seis pessoas e deixou 56 feridos, no dia 27 de agosto. Entre as demandas feitas pelos moradores estão a recuperação dos bondes tradicionais, em vez da transformação em veículos leves sobre trilhos, a regulamentação do intervalo entre os carros para, no máximo, dez minutos e a disposição de transporte público de suporte aos bondes, além do direito de eleger o administrador responsável pela operação do modal.
De acordo com Simão, esse é um passo imediato, em meio ao transtorno vivido por familiares e moradores do bairro, após o acidente. “Trata-se de uma união importante e de muito interesse, por parte nossa e dos usuários. Precisamos chegar a um denominador comum. Em um ato imediato, encaminharemos todas as solicitações, encaminhadas pelos moradores, ao governador Sérgio Cabral”, garantiu o deputado.
De acordo com o Fernando McDowell, especialista em Engenharia de Transporte e um dos profissionais responsáveis pelo desenho da linha do Metrô do Rio, a oficina responsável pelo reparo no bonde é competente, mas carece de recursos para operar melhor. “São pessoas que possuem um conhecimento grande do problema, competentes, mas carentes de ferramentas de trabalho qualificadas. Eles têm responsabilidade e se sentem responsáveis, de fato, por executar o melhor trabalho, mas sentem falta de apoio”, analisou o engenheiro. Presente à audiência, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), sugeriu à comissão a composição de uma aliança entre as instâncias do Legislativo do Rio, para evitar outros episódios semelhantes. “A união entre a Câmara Municipal do Rio, a Assembleia Legislativa e a Câmara Federal, cada um com seu representante, tem o propósito de selar as forças públicas para que esse tipo de tragédia não se repita. Precisamos e queremos atuar o quanto antes, para que tenhamos o retorno do bonde em segurança e, ao mesmo tempo, fazermos um controle”, explicou.
O delegado da 7ª DP, Tarcísio Jansen, responsável pela apuração dos fatos, acredita que o laudo apresentado pode ser conclusivo. “Tenho fé que os peritos consigam dar à sociedade esse amparo técnico e judiciário, para que as causas sejam devidamente esclarecidas. A princípio, eu tenho 30 dias para concluir o laudo, mas, se necessário, cabe um pedido de um prazo maior ao Ministério Público”, disse. Por sua vez, o promotor de Defesa do Consumidor Contribuinte da capital, Carlos Andresano, explicou o trabalho do Ministério Público no caso. “Gostaria de deixar bem claro que me interessam, particularmente, as causas e consequências do acidente, que acarretaram responsabilidades civis. Precisamos saber o que, de fato, interessa à população. O meu interesse é recolher o maior número de informações possível, uma vez que estamos dentro de um processo investigatório”, ressaltou o promotor.
Antes do início da audiência, um minuto de silêncio foi exigido pelo deputado Marcelo Simão, em respeito a todas as vítimas do acidente. Durante a audiência, ainda, os deputados Gilberto Palmares (PT) e Paulo Ramos (PDT) anunciaram que irão propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para discutir o assunto.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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