terça-feira, 25 de outubro de 2011
TRATAMENTO ESPECIALIZADO E GRATUITO PARA AUTISTAS PAUTA AUDIÊNCIA
Investir em políticas públicas para reforçar o ainda precário atendimento às pessoas com autismo e em campanhas para que a população entenda o distúrbio foram pontos discutidos na audiência pública da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia e Religião da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo deputado Xandrinho (PV), realizada nesta segunda (24). O parlamentar destacou também a falta de informação, inclusive da comunidade médica, sobre o distúrbio: “Muitos especialistas repassam um diagnóstico equivocado aos pais. Essa audiência é um passo para que a população conheça e dê uma atenção especial aos que possuem este problema”.
O deputado também enfatizou a necessidade da criação dos centros de Reabilitação Integral, previstos no projeto de lei, de sua autoria, para o atendimento eficaz e gratuito aos portadores de autismo. “Nossa intenção é que esses centros, com a participação de profissionais de diversas áreas, sejam instalados em nove cidades, que servirão como polos para cada região do estado”, explicou. As cidades seriam Rio, Nova Iguaçu, Itaperuna, Campos, Cabo Frio, Petrópolis, Volta Redonda, Resende e Angra dos Reis. Segundo o parlamentar, há cerca de 160 mil famílias cadastradas no estado que possuem em seu núcleo pelo menos uma pessoa com a síndrome.
De acordo com a neurologista infantil Carla Gikovate, estudos americanos do Centers for Disease Control, publicados recentemente, estimam que uma em cada 110 crianças apresente algum grau de autismo. “É importante ter em mente que a visão estereotipada do autista, uma pessoa completamente isolada do convívio social, sem linguagem e com várias manias, representa somente o nível mais grave do distúrbio. Muitos autistas têm condições de entrar na faculdade e serem muito bem-sucedidos. Mas, para isso, é importante a intervenção precoce, um tratamento eficiente e um apoio permanente aos pais e portadores”, explicou a especialista.
O diagnóstico nos primeiros meses de vida, inclusive, pode ser essencial para o desenvolvimento da fala funcional. “Décadas atrás, a estimativa era de que 50% das crianças diagnosticadas com autismo viessem a desenvolver a linguagem. Hoje, esta porcentagem está entre 85% e 90%”, afirmou a fonoaudióloga Renata Mousinho. O presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, deputado Márcio Pacheco (PSC), elogiou a união dos pais na luta em prol de políticas públicas para autistas. Ele também anunciou o desarquivamento do projeto de lei, do ex-deputado Audir Santana, que pretende instituir o Sistema Estadual Integrado de Atendimento à Pessoa Autista, que reúne ações no âmbito da saúde, educação e lazer.
O vereador Paulo Messina (PV), do Rio, citou o Centro de Atenção à Pessoa com Autismo, programa da prefeitura que disponibiliza tratamento com profissionais de diversas áreas, como um exemplo de inspiração para os CRIs. “Embora o serviço seja muito bom, infelizmente ainda conta com poucas vagas. É preciso expandir esse modelo para todo o estado”, defendeu. O vereador também apoiou a inclusão de autistas na rede regular de ensino junto à capacitação de profissionais.
Para a presidente da Associação de Pais de Autistas e Deficientes Mentais, Cláudia Moraes, é preciso dar atenção aos adultos com a disfunção: “Pessoas com quadro mais grave de autismo sofrem com a falta de oportunidades de trabalho e com o fechamento de escolas especializadas”. Já Wanya Leite, membro do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência, revelou as barreiras colocadas por escolas públicas e privadas para a matrícula de crianças com autismo e a não disponibilização de mediadores em salas de aula, dificultando a socialização.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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