A defesa do fechamento
dos manicômios marcou a comemoração do Dia Estadual da Luta
Antimanicomial, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, nesta sexta (18). Autores da Lei, que
instituiu a celebração no estado, os deputados André Ceciliano (PT) e Luiz Martins (PDT) presidiram a solenidade, que contou com a presença
de médicos e pacientes. Ceciliano comemorou o fechamento definitivo
da Casa de Saúde Doutor Eiras, em Paracambi, na Baixada Fluminense,
este ano, a unidade sofreu uma intervenção em 2004 e deveria ter
sido fechada há dois anos. Já Martins defendeu a criação de
Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs) em todo o estado.
“Hoje, o Governo do
estado conta com apenas dois centros sob sua responsabilidade.
Precisamos nos debruçar sobre essa causa para avançarmos”,
defendeu o pedetista. Nos CAPs, os pacientes desenvolvem atividades e
têm atendimento médico e psicológico. “Com o fechamento da
Doutor Eiras, vimos que é possível acabar com os manicômios, com a
cultura de longa permanência nos hospitais psiquiátricos. Isso é
possível com uma equipe coesa e parceria entre os entes federativos.
Nunca imaginamos que seria possível fechar a casa de saúde que já
foi o maior hospital psiquiátrico da América Latina”, lembrou
Ceciliano.
Mestre em Psiquiatria
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ricardo Vaz lembrou
que, antes do fechamento, a casa de saúde em Paracambi representava
o “estado de abandono para pessoas com transtornos mentais”.
“Precisamos desconstruir um modelo de exclusão e de confinamento e
pensar em uma sociedade que possa ser inclusiva e abrigar as
pessoas”, apontou. Pesquisador de estudos em Saúde Mental e
Atenção Psicossocial, Paulo Amarante defendeu a inserção social
da pessoa com transtorno mental. “A luta antimanicomial precisa ser
diária. Temos que recuperar a importância dessa luta que não pode
se reduzir a uma única data”, ressaltou.
Paciente do Centro
Psiquiátrico Rio de Janeiro, na Saúde, Centro do Rio, Nilo
Sérgio Fernandes de Oliveira declarou ser um sobrevivente. “Depois
de passar por 15 internações, sofrer abusos e viver situações
degradantes, hoje, para mim, é um dia a ser comemorado, pois sou
tratado com dignidade”, disse.
O CPRJ tem 8 mil pacientes e realiza
cerca de 3 mil atendimentos por mês. Também participaram da
solenidade a vice-diretora do Instituto de Atenção à Saúde Nise
da Silveira, Erica Pontes e Silva; o pesquisador Edivaldo Nabuco, da
Fundação Oswaldo Cruz; Cristiane Knijnik, do Conselho
Regional de Psicologia; e os médicos psiquiatras Cristina Vidal e
Sérgio Levcovitz.
O Movimento
Antimanicomial tem o dia 18 de maio como data de comemoração no
calendário nacional e, a partir do dia 13 de abril deste ano, ficou
instituído também como o Dia Estadual. Ele existe há mais de 30
anos e o principal objetivo é criar um modelo de saúde que
substitua os manicômios. Os militantes defendem, além da
instituição de centros de Atenção Psicossocial, a criação de
leitos psiquiátricos em hospitais gerais, que priorizem a integração
e a humanização dos serviços de saúde mental.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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