sábado, 19 de maio de 2012

DEPUTADO DEFENDE CRIAÇÃO DE CENTROS DE SAÚDE MENTAL EM TODO O ESTADO‏

A defesa do fechamento dos manicômios marcou a comemoração do Dia Estadual da Luta Antimanicomial, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, nesta sexta (18). Autores da Lei, que instituiu a celebração no estado, os deputados André Ceciliano (PT) e Luiz Martins (PDT) presidiram a solenidade, que contou com a presença de médicos e pacientes. Ceciliano comemorou o fechamento definitivo da Casa de Saúde Doutor Eiras, em Paracambi, na Baixada Fluminense, este ano, a unidade sofreu uma intervenção em 2004 e deveria ter sido fechada há dois anos. Já Martins defendeu a criação de Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs) em todo o estado.

“Hoje, o Governo do estado conta com apenas dois centros sob sua responsabilidade. Precisamos nos debruçar sobre essa causa para avançarmos”, defendeu o pedetista. Nos CAPs, os pacientes desenvolvem atividades e têm atendimento médico e psicológico. “Com o fechamento da Doutor Eiras, vimos que é possível acabar com os manicômios, com a cultura de longa permanência nos hospitais psiquiátricos. Isso é possível com uma equipe coesa e parceria entre os entes federativos. Nunca imaginamos que seria possível fechar a casa de saúde que já foi o maior hospital psiquiátrico da América Latina”, lembrou Ceciliano.

Mestre em Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ricardo Vaz lembrou que, antes do fechamento, a casa de saúde em Paracambi representava o “estado de abandono para pessoas com transtornos mentais”. “Precisamos desconstruir um modelo de exclusão e de confinamento e pensar em uma sociedade que possa ser inclusiva e abrigar as pessoas”, apontou. Pesquisador de estudos em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, Paulo Amarante defendeu a inserção social da pessoa com transtorno mental. “A luta antimanicomial precisa ser diária. Temos que recuperar a importância dessa luta que não pode se reduzir a uma única data”, ressaltou.

Paciente do Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro, na Saúde, Centro do Rio, Nilo Sérgio Fernandes de Oliveira declarou ser um sobrevivente. “Depois de passar por 15 internações, sofrer abusos e viver situações degradantes, hoje, para mim, é um dia a ser comemorado, pois sou tratado com dignidade”, disse. 

O CPRJ tem 8 mil pacientes e realiza cerca de 3 mil atendimentos por mês. Também participaram da solenidade a vice-diretora do Instituto de Atenção à Saúde Nise da Silveira, Erica Pontes e Silva; o pesquisador Edivaldo Nabuco, da Fundação Oswaldo Cruz; Cristiane Knijnik, do Conselho Regional de Psicologia; e os médicos psiquiatras Cristina Vidal e Sérgio Levcovitz.

O Movimento Antimanicomial tem o dia 18 de maio como data de comemoração no calendário nacional e, a partir do dia 13 de abril deste ano, ficou instituído também como o Dia Estadual. Ele existe há mais de 30 anos e o principal objetivo é criar um modelo de saúde que substitua os manicômios. Os militantes defendem, além da instituição de centros de Atenção Psicossocial, a criação de leitos psiquiátricos em hospitais gerais, que priorizem a integração e a humanização dos serviços de saúde mental.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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