A Comissão Parlamentar
de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que
investiga denúncias contra as universidades particulares do estado
ouviu o professor Candido Mendes, presidente da Sociedade Brasileira
de Instrução, mantenedora da Universidade Cândido Mendes. O
professor admitiu o não pagamento do fundo de garantia e do INSS aos
professores, e confirmou que tem conhecimento das autuações feitas
pelo Ministério do Trabalho. O montante da dívida da entidade de
ensino chega a R$ 50 milhões. O presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT), acredita que as investigações devem ser
voltadas para as relações entre a universidade e as empresas
particulares, além dos débitos existentes. "Ficamos com uma
dúvida, pois a universidade Candido Mendes é uma entidade
filantrópica, mas tem convênio e contratos com sociedades anônimas,
que têm fins lucrativos. Vamos investigar como está acontecendo
isso, descobrir quem administra essas empresas e se há repasses para
essas entidades", declarou.
O relator da CPI,
deputado Robson Leite (PT), solicitou o envio do contrato social das
sociedades anônimas ligadas à universidade. "Precisamos saber
se essa não é uma relação fraudulenta", afirmou o petista.
Cinco novos campi da Ucam foram inaugurados nos últimos cinco anos
na Zona Oeste, e 247 professores foram contratados. Robson Leite
questionou a ampliação da universidade em um momento de
dificuldades econômicas: "Isso é uma incoerência, também vai
entrar no relatório". O professor, porém, ressaltou que as
aulas são realizadas em prédios alugados: "Não fizemos nenhum
grande investimento", disse ele, acrescentando que "essa é
a salvação para os problemas financeiros". Segundo ele, os
débitos existentes não foram quitados devido ao alto índice de
inadimplência dos alunos que, segundo ele, chega a 50% na unidade
sede da Ucam. "Sobrevivemos atrasando o fundo de garantia e o
INSS", admitiu, ressaltando que um acordo com o Tribunal
Regional do Trabalho define que toda a dívida deve ser paga ao longo
de nove anos.
Também compareceu à
reunião da CPI o representante do Centro Acadêmico de Medicina da
Gama Filho, Diogo Fuser. O estudante apresentou as maiores carências
do seu curso, com ênfase nos aumentos de mensalidade sem aviso
prévio e na perda de 500 leitos, o que "causa deficiência do
saber prático-teórico, prejudicando a formação do médico".
"Se houve aumento de mensalidades, e o mesmo não foi aprovado
pelo conselho universitário, trata-se de um aumento ilegal",
disse Robson Leite, que aguarda a ida do antigo reitor da
universidade à CPI para prestar esclarecimentos.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário