A Comissão de Assuntos
Municipais e Desenvolvimento Regional da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio de janeiro, presidida pela deputada Clarissa Garotinho (PR) debateu, nesta quinta (16), durante
audiência pública, a derrubada do Elevado da Perimetral, suas
consequências e apontou problemas. Dentre as principais reclamações
estão a falta de estudos preliminares de impacto no sistema de
transporte, o impacto negativo nas vias de acesso à Ponte
Rio-Niterói, à Avenida Brasil e à Linha Vermelha e o alto valor
gasto na demolição e nas obras do entorno. “A derrubada vai
causar problemas em toda a Região Metropolitana. Queremos debater e,
infelizmente, a prefeitura do Rio não esteve presente. Agora, a
comissão vai ver, junto ao Ministério Público, que medidas deve
tomar para que a população tenha as garantias necessárias de
viabilidade”, declarou Clarissa.
A parlamentar também
comparou a situação da Perimetral com o Elevado do Joá, que
precisa ser reformado para garantir segurança a seus usuários. “Não
podemos esquecer que a prefeitura é contra a derrubada do Elevado do
Joá, que tem problemas de segurança para seus usuários, e é
favorável à derrubada do Elevado da Perimetral, por questões
estéticas. Essa demolição vai custar mais de R$ 1 bilhão e
chegará a quase R$ 7 bilhões, se considerarmos as obras de seu
entorno”, completou. Marcos Poggi de Araújo, sócio da MPA Consult
Estudos e Projetos e ex-secretário de Estado de Transportes, foi o
responsável por esclarecimento sobre os possíveis problemas gerados
pela derrubada do elevado, que, com a Avenida Rodrigues Alves, tem a
capacidade de absorver oito mil veículos/hora/por sentido.
De acordo com Poggi,
esse sistema atende somente o tráfego de passagem pelo local, já
que o tráfego interno é insignificante. “Agora, vão destruir
esse sistema e construir outro, que vai ter uma capacidade maior,
absorvendo 10 mil carros V/H/S. Porém, essa modificação vai ser
feita dentro de um projeto que vai construir vários prédios
comerciais e residenciais, com 30, 40 e 50 pavimentos cada. Esses
prédios vão gerar um tráfego novo, que vai ocupar parte desses 10
mil V/H/S, cerca de 3 e 4 mil veículos. Sobrarão, então, para o
tráfego de passagem que já existe hoje, 6 ou 7 mil veículos por
hora/por sentido”, explicou o consultor, que ainda foi
contra o argumento do Executivo municipal que apontava a valorização
imobiliária da região como o principal benefício da reforma.
“Os formuladores
desse projeto alegam que essa diferença será suprida pelo BRT, mas não sabemos se esse sistema será suficiente
para cobrir a diferença”, reforçou. O ex-secretário disse que as
pessoas que mais vão sofrer serão os moradores da Baixada
Fluminense, principalmente aqueles que vivem afastados dos centros de
seus municípios. “Eles terão que fazer duas ou três baldeações
para ir ao trabalho e mais duas ou três trocas de veículos para
voltar para casa; ou seja, até seis trocas para ir e voltar do
trabalho”, explicou. Poggi classificou como “um verdadeiro
inconveniente” a derrubada de um ativo urbano importante, que
atende um tráfego intenso de passagem, que se vale de um sistema
importante que inclui a Ponte Rio-Niterói, a Avenida Brasil, a Linha
Vermelha e outras vias como a BR-040 e a BR-116.
Já o deputado Luiz Paulo (PSDB), que é engenheiro civil com mestrado na área de
Transportes, afirmou que a única forma desse projeto ser revisto
será através de decisão judicial.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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