O respeito e a humildade defendidos e reiterados pelo Papa Francisco durante encontro com a sociedade civil neste sábado (27), no Theatro Municipal, foram apontados pelos deputados como principais legados da visita do Pontífice ao estado, que se encerra neste domingo (28), com o fim da Jornada Mundial da Juventude. “É um Papa que contagiou a todos, não apenas católicos, mas todos os cristãos”, analisou o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Paulo Melo (PMDB). O parlamentar destacou o respeito que o líder da Igreja Católica conquistou entre protestantes. “Hoje ouvi e li entrevistas de evangélicos encantados com a forma cordial, humilde e amorosa com que o Papa trata a todos, sem distinção”, contou Mello, que classificou a deferência como um avanço social.
Ao final do evento, o deputado Robson Leite (PT) resumiu o que ele identificou como a principal mensagem do Pontífice: “Ele trouxe, para sociedade como um todo, a mensagem de que não há construção de bem comum sem sabedoria e generosidade”, avaliou. Já sua colega de partido, deputada Inês Pandeló, destacou emoção de ouvir o Papa no Theatro Municipal. “O clima proporcionado pelo local, pela orquestra, e pelas sábias palavras do Papa dá energia para continuar a caminhada acreditando que a transformação da realidade é possível”, afirmou, acentuando o tom emocional do encontro, em que a sociedade civil foi representada por um ex-usuário de drogas que, a partir do trabalho junto à Igreja, conseguiu se livrar do uso e dos riscos que ele oferecia, e se formar em História pela PUC-Rio. O discurso de Walmyr Goncalves da Silva Junior, de 28 anos, foi o momento mais emocionante do evento. “Junto comigo trago a vida de vários irmãos, que por muitos motivos não puderam ou não podem compartilhar a alegria que sentimos hoje”, disse o historiador nascido no Complexo da Maré.
Já para o deputado Marcio Pacheco (PSC), o combate ao uso de drogas foi o principal legado da visita. Para o vice-presidente da comissão de Prevenção ao Uso de Drogas da Alerj, a questão ganhou força após a participação do Papa Francisco na inauguração do pavilhão dedicado ao atendimento de dependentes de drogas no Hospital São Francisco de Assis, há três dias. “O Papa falou muito sobre o papel do Estado no atendimento desses casos e eu fico honrado em participar dessa luta”, disse.
Discurso do Papa é marcado pela defesa do diálogo e da tolerância
Em seu discurso, o Papa destacou a importância da valorização da cultura heterogênea brasileira, da responsabilidade social, ética, e fez uma ampla defesa do diálogo “Um país cresce quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais”, defendeu, citando ainda o papel da tolerância religiosa e do estado laico neste crescimento.
Esta tolerância pôde ser observada no momento dos cumprimentos finais. Entre os cerca de 20 representantes da sociedade civil escolhidos para ir até o pontífice estavam representantes de diferentes religiões, como o babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. Crítico contumaz dos crimes de intolerância e racismo, ele entregou ao Papa uma camiseta e o livro da caminhada em defesa da liberdade religiosa. “Pela primeira vez o líder máximo da Igreja Católica recebe alguém de matriz africana, e isso tem um simbolismo muito grande na luta contra a intolerância religiosa”, reforçou.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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