A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criada para apurar as causas relativas ao atraso na entrega de imóveis pelas construtoras no estado realizou nesta sexta (14) uma vistoria no condomínio residencial Quintas do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, Zona oeste. Segundo o presidente da comissão, deputado Gilberto Palmares (PT), a Construtora Gafisa, responsável pelo empreendimento admitiu que o atraso na entrega superou a previsão, totalizando três anos em junho de 2013. “O atraso já era motivo suficiente para que convocássemos a construtora e durante os trabalhos da CPI recebemos reclamações referentes à falta de qualidade na construção das casas”, explicou.
Um dos mais graves problemas relatados pelos moradores é a falta de água. A tubulação da Companhia Estadual de Águas e Esgotos não chegava ao empreendimento. Depois de muitas negociações, os moradores conseguiram com que a Gafisa financiasse a construção da tubulação, mas mesmo assim os moradores ainda estão sem fornecimento. A solução temporária dada foi a contratação de caminhões-pipa para fornecer o abastecimento, mas os moradores reclamam da falta de frequência do caminhão e das tubulações que não suportam a pressão da água, gerando mais problemas como vazamentos, inclusive de esgoto. “Eu comprei uma casa praticamente pronta com o prazo de entrega para três meses, mas na verdade demorou três anos para que isso ocorresse. Ao longo desse tempo eu me mudei quatro vezes esperando a entrega da minha casa e quase me separei por causa disso. Apesar de eu estar morando aqui, não tem água, fora os outros problemas. A construtora me entregou um carro sem motor”, desabafou o adquirente Leonardo Marques.
Outros problemas relatados à comissão foram feitas pela síndica do condomínio, Laura Rodrigues: “As casas foram construídas com material de baixa qualidade. Os projetos foram readaptados, não obedecendo ao original devido a falhas na elaboração. As áreas comuns ainda não foram entregues, a área de lazer para crianças oferece riscos às mesmas e em quase todas as casas há vazamento de água ou de esgoto”, pontuou Laura, que contou que em sua casa o teto de gesso desabou por conta de uma tubulação que estourou. “Alagou minha cozinha inteira, eu perdi móveis e utensílios de cozinha”, contou. A síndica também contou sobre o incêndio ocorrido na semana passada no terreno do condomínio: “O equipamento de socorro do condomínio não suportou a pressão da água trazida pelos bombeiros e estourou, um verdadeiro sufoco”.
O deputado Gilberto Palmares disse que os problemas serão incluídos no relatório final. “Conseguimos constatar a incompetência, a irresponsabilidade e a falta de compromisso da Gafisa com os adquirentes. Qualquer projeto, para ser aprovado, precisa ter a certeza da chegada de serviços básicos, como água, gás e luz junto às concessionárias responsáveis”, explicou o parlamentar, que solicitará uma nova vistoria com a presença de técnicos na área de engenharia para reforçar a cobrança urgente de melhorias para a construtora.
Comunicação Social da Alerj
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