Ao longo dos últimos onze anos, desde que a Lei de Cotas entrou em vigor, cerca de sete mil e 700 alunos se formaram nas universidades estaduais do Rio de Janeiro. O dado foi divulgado durante audiência pública realizada nesta quarta (27), pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, para avaliar os resultados do sistema na Universidade Estadual do Norte Fluminense, no Centro Universitário Estadual da Zona Oeste e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, precursora na adoção desse sistema no país.
“Os dados apresentados aqui foram altamente positivos. Nós vimos que o desempenho apresentado pelas três universidades desmistificam muitas das preocupações existentes lá na origem do debate da lei de cotas, como a redução na qualidade do ensino. Vimos hoje que isso tudo é matéria vencida e que, em alguns casos, os cotistas tem uma avaliação até melhor do que os não cotistas.”, esclareceu o presidente da comissão, deputado Comte Bittencourt (PPS).
O pró-reitor de graduação da Uezo, Dario Neponuceno, explicou que o resultado positivo é consequência da maior dedicação do aluno cotista. “Eles entram com uma vontade de se dedicar mais e buscar mais do que os alunos não cotistas. Hoje, eles são maioria entre os que concluem os cursos”, informou. Na Uenf, não há diferença entre o rendimento de um aluno cotista e não cotista. De acordo com o relatório apresentado pela instituição, o coeficiente de rendimento dos alunos cotistas fica em torno de 6,5 a 7,5, o mesmo dos não cotistas.
Os estudantes cotistas também superaram as expectativas no que diz respeito às evasões escolares. Apesar do percentual ainda ser alto nas três universidades, foi comprovado que os cotistas desistem menos dos cursos do que os estudantes da ampla concorrência. O índice de evasão deles na Uerj é de 23%, 11% a menos do que o percentual de evasão dos não cotistas. “Não basta entrar, o aluno tem que permanecer e se formar”, ressaltou a sub-reitora de graduação da Uerj, Lená Medeiros Menezes.
Segundo a pró-reitora de Graduação da Uenf, Ana Beatriz Garcia, os motivos para a desistência do ensino são a decepção com o tipo de curso e a baixa qualificação da educação básica. “Às vezes, o aluno chega à instituição e não encontra aquilo que esperava e gera uma decepção com o tipo de curso, ou chega à instituição e não consegue acompanhar as disciplinas nos primeiros semestres, aí a reprovação consecutiva leva ao desestímulo e eles acabam evadindo”, explicou.
Para diminuir essa lacuna deixada no ensino fundamental e médio, a Uerj oferece, para alunos em geral, 50 oficinas. Entre elas estão línguas estrangeiras, português e cálculos. “Essa é uma forma de dar um suporte maior para os alunos que ingressaram na universidade ainda despreparados. Dessa maneira eles têm a possibilidade de se igualar”, destacou a sub-reitora de graduação da Uerj.
Durante a audiência, frei Davi Santos, diretor executivo da Educafro, alertou a comissão para alguns dispositivos da lei que não vêm sendo cumpridos, como a oferta de estágio no setor público. “Se essa exigência fosse cumprida, a evasão seria menor e a qualidade da formação seria melhor”, avaliou. Em resposta, Comte Bittencourt informou que vai alertar o Poder Executivo sobre essa norma e vai debater o tema em outras audiências.
Comunicação Social da Alerj
Nenhum comentário:
Postar um comentário