Brasília - Comunidades indígenas e ribeirinhas que vivem na região onde o governo pretende construir a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), se dizem traídas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo lideranças locais, havia se comprometido em discutir o projeto com as comunidades atingidas.
Em julho de 2009, em uma reunião com movimentos sociais da região e o bispo da Prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, o então presidente disse que o projeto não seria empurrado “goela abaixo” das populações locais.
“Lula não honrou a palavra e está enfiando Belo Monte goela abaixo. Disse que jamais faria nada se não ouvisse a sociedade, se não fosse viável, mas não cumpriu o que disse, nos deve”, disse hoje (7) a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Antônia Melo.
O cacique Raoni, um dos principais líderes kayapó do país, também reclamou da retomada do projeto de Belo Monte pelo governo Lula e da falta de diálogo com os povos tradicionais que serão atingidos direta ou indiretamente com a construção a hidrelétrica.
“Lula enganou nossos parentes. O dinheiro acaba, mas a terra continua, o rio continua, fomos enganados.”
Apesar de o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já ter emitido a licença de instalação parcial no fim de janeiro, movimentos sociais e líderes indígenas contrários ao projeto não consideram a construção de Belo Monte um fato consumado.
“Nem os governos anteriores trataram os indígenas como fez o governo Lula e, agora, o governo Dilma”, comparou Josinei Arara, líder indígena da região. “Nós conhecemos a realidade do Xingu, o governo não conhece. Não queremos Belo Monte”.
Amanhã (8), um grupo de indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores da região do Xingu vai tentar entregar à presidenta Dilma Rousseff um manifesto com mais de 500 mil assinaturas contrárias à hidrelétrica.
“Vamos dizer à presidenta que não aceitamos Belo Monte e que ela tem que cancelar esse projeto”, disse Antônia Melo.
A assessoria do ex-presidente Lula, foi procurada para falar sobre o assunto, mas não retornou os telefonemas.
Agência Brasil
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