O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse nesta segunda-feira que determinou ao ministro da Justiça a abertura de processos contra o antecessor, Laurent Gbagbo - que foi capturado horas antes na maior cidade do país, Abidjan -, além de sua mulher e aliados.
Gbagbo se entregou após uma investida militar na residência presidencial na cidade. Ele vinha se negando a entregar o poder a Ouattara por não aceitar o resultado da eleição presidencial de novembro, e essa recusa gerou uma grave crise no país, com confrontos entre simpatizantes de Ouattara e Gbagbo.
Em um pronunciamento na TV do país, Ouattara afirmou que Gbagbo, sua mulher e seus "colaboradores" serão investigados por autoridades judiciais marfinenses, mas que todas as medidas serão adotadas para garantir a integridade física de Gbagbo.
Ele anunciou também que uma comissão de verdade e reconciliação será formada para documentar os crimes e violações contra os direitos humanos que ocorreram nos últimos meses.
Ouattara disse que o país acabara de virar uma página dolorida de sua história, mas que agora entrava em uma nova era e fez apelo para que os marfinenses "evitem represálias e violência".
Obama e Ban Ki-moon
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a prisão de Gbagbo colocou fim a meses de conflito desnecessário e reiterou o apoio da organização ao novo governo.
Por sua vez, o presidente americano, Barack Obama, deu "as boas-vinda aos acontecimentos decisivos na Costa do Marfim, na medida em que o pleito ilegítimo do presidente Laurent Gbagbo pelo poder finalmente chegou ao fim".
"Hoje, o povo da Costa do Marfim tem a chance de começar a recuperar seu país, solidificar sua democracia e reconstruir uma vibrante economia", disse Obama.
Horas antes, uma mensagem de Gbagbo, pedindo o fim dos confrontos no país, foi veiculada em um canal de TV marfinense leal a Ouattara, depois de Gbagbo ter sido colocado sob a custódia de soldados da ONU.
Na mensagem, Gbagbo disse que espera que os conflitos possam parar e que se possa “passar para a parte civilizada da crise, e que ela chegue ao fim rapidamente para que o país possa voltar ao normal".
Captura
No início da manhã, forças leais a Ouattara e tanques franceses avançaram para ofensiva na residência presidencial, onde Gbagbo estava escondido em um bunker subterrâneo.
Um de seus conselheiros disse que a prisão foi feita por forças especiais francesas, mas o porta-voz da missão da ONU na Costa do Marfim, Amadoune Touré, disse que foram os homens de Ouattara que capturaram Gbagbo e sua esposa, Simone.
O chefe da missão de paz da ONU na Costa do Marfim, Alain Le Roy, disse que Laurent Gbagbo e sua família estão sob a guarda dos soldados da ONU no hotel Golf, onde fica a sede de operações de Alassane Ouattara.
A rendição do líder marfinense acontece após um dia de conflitos entre as forças leais a ele e os partidários de Ouattara na região da residência presidencial em Abidjan, que também era alvo de tanques franceses e helicópteros.
De acordo com o porta-voz de Gbagbo na Costa do Marfim, Ahoua Don Mello, o líder finalmente "saiu de seu bunker e se rendeu aos franceses sem oferecer resistência".
Um conselheiro especial de Gbagbo, Bernard Houdin, disse à TV francesa que seu líder jamais teria sido capturado sem a ajuda da França.
Mas diplomatas franceses negaram que suas forças tenham capturado o ex-presidente, insistindo que ele se rendeu às forças de Ouattara.
Centenas de pessoas se reuniram no centro de Bouake, a segunda maior cidade do país, para celebrar a queda de Laurent Gbagbo, jovens buzinavam, mulheres dançavam e cantavam em uma alameda central.
BBC Brasil
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