Psiquiatra especialista
em tratamento de crianças e adolescentes usuários de drogas, Jairo
Werner afirmou que o déficit de profissionais qualificados para
lidar com esse problema é o principal entrave para o avanço de
políticas na área. A afirmação foi feita nesta quinta
(10) durante audiência pública conjunta das comissões de Saúde
e de Assuntos da Criança, Adolescente e Idoso da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Presidente da Comissão de Assuntos da
Criança, a deputada Claise Maria Zito (PSD) declarou que será
realizado um seminário para aprofundar a discussão. “O problema
do crack envolve várias áreas como Saúde, Educação e Segurança;
então, pretendemos fazer este seminário para poder ouvir os
especialistas e avançar neste debate”, declarou a parlamentar.
Werner, que é
professor da Universidade Federal Fluminense, onde tem um
projeto de atendimento a jovens usuários de drogas, acredita que são
necessários mais especialistas sobre o tema. “Os estudantes das
áreas médicas não aprendem nada sobre a questão, o que é um
problema, pois eles não estão prontos para dar respostas sobre as
drogas”, destacou. Na audiência, em que estiveram presentes também
representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social
da capital e onde foi abordada a polêmica do acolhimento compulsório
de crianças usuárias de crack, Werner defendeu um modelo
intermediário: “O debate está entre o discurso permissivo, de que
o usuário tem que querer o tratamento, e o recolhimento compulsório.
Temos que seguir por uma terceira via, trabalhando para desenvolver
nos jovens o desejo da recuperação”.
Diretor no Núcleo de
Direitos Humanos da SMAS, Marco Antonio Cruzeiro defendeu o trabalho
que vem sendo feito pela Prefeitura do Rio no acolhimento dos menores
usuários de crack. “Temos ações de Educação, Saúde e
Assistência Social em uma unidade que serve para resgatar um projeto
de futuro, a dimensão do sonho para crianças e adolescentes que
perderam totalmente seus vínculos”, defendeu. O desembargador Siro
Darlan criticou esse modelo e afirmou que o município está
descumprindo ordem judicial de criação de leitos hospitalares para
usuários de drogas. “O remédio é implantar políticas para
tratamento, programas sociais para responsabilização das famílias,
equipar os conselhos tutelares, e isso o município não faz”,
protestou.
Darlan completou: “Se
algum dependente químico quiser se tratar e for procurar atendimento
numa clínica pública, ele não vai encontrar vagas”. A deputada
Janira Rocha (PSol), suplente da Comissão de Saúde, que é
presidida pelo deputado Bruno Correia (PDT), ressaltou a importância
da realização de um seminário. “Esse foi o inicio do debate. A
nossa ideia é fazer um seminário onde possamos ouvir mais
especialistas, familiares e os próprios usuários de drogas”,
relatou. “O objetivo é que isso tudo resulte em ações que possam
ajudar na formulação de políticas públicas efetivas que possam
resgatar estas crianças e jovens vítimas do crack”, finalizou a
parlamentar.
Na audiência, estavam
presentes a titular da Delegacia
de Proteção à Criança e ao Adolescente, Barbara Lomba; e o
diretor do Conselho Regional de Psicologia, Lindomar Daros, além de
representantes da SMAS, do Ministério Público Estadual e da
Defensoria Pública.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário