Em depoimento à
Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro que investiga denúncias contra as universidades
particulares no estado, o pró-reitor da Universidade Cândido Mendes, Alexandre Gazé, disse que as empresas particulares ligadas à
instituição nunca funcionaram de fato. "A Ucam não mantém
relação com as empresas porque na verdade elas nunca funcionaram. A
CPI recebeu a documentação necessária com as baixas das empresas.
Elas nunca fizeram nenhum tipo de negócio com a Cândido Mendes",
afirmou. Os membros da CPI acreditam na possibilidade de as empresas
relacionadas à Ucam usarem a marca da instituição de ensino para
firmar convênios com fins lucrativos.
De acordo com o
pró-reitor, as empresas foram criadas para tentar distribuir a
chancela Cândido Mendes, "mas nunca houve nada".
Presidente da CPI, o deputado Paulo Ramos (PDT) considerou importante o depoimento do
pró-reitor, mas afirmou que é preciso avançar. "Nós agora
precisamos esclarecer esse ponto: foram criadas quatro empresas,
houve a afirmação de que elas ficaram inativas. Então porque razão
elas foram criadas ?", questionou. Além do pró-reitor da Ucam,
a CPI ouviu depoimentos de dois representantes da Confederação
Nacional de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino: a
coordenadora-geral, Madalena Peixoto, e o coordenador da Secretaria
de Finanças, Fabio Zambon; além do representante do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar, professor Celso
Napolitano.
Para Paulo Ramos, os depoimentos dos representantes da
Federação foram esclarecedores. "Eles confirmaram o pensamento
que orienta os membros da CPI", ponderou. A CPI vai interromper
os trabalhos devido ao afastamento do relator, Robson Leite (PT), que
deixou a Casa com o retorno do deputado Rodrigo Neves (PT), e deve
retomar as atividades no ano que vem.
Instalada em junho, a
CPI dedica-se a investigar denúncias sobre gestão fraudulenta,
desvio de dinheiro público e irregularidades nas relações
trabalhistas com os professores e funcionários por parte de
instituições como Gama Filho, Cândido Mendes e Estácio de Sá. Os
deputados ouviram queixas sobre assédio moral nos campi, violência
e represália às manifestações e greves de professores, além de
aumento excessivo das mensalidades e precarização da estrutura dos
prédios. Em outubro, o Supremo Tribunal Federal concedeu aval
para quebrar o sigilo bancário de algumas das instituições
investigadas. “Essas medidas são importantes para apurarmos a
adquirição de patrimônios incompatíveis com as finalidades
filantrópicas das entidades e descobrirmos ilegalidades nos
processos de compra e venda das instituições”, afirmou o deputado
Paulo Ramos.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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