sexta-feira, 5 de abril de 2013

DEBATE SOBRE COTA INDICA AUMENTO DE 15,8% NO NÚMERO DE NEGROS FORMADOS

Desde a implantação do sistema de cotas para negros e pardos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, houve aumento de 15,8% no número de estudantes com essas características, na faixa entre 18 e 24 anos de idade, cursando ou concluindo o ensino superior. O dado foi apresentado em um debate promovido, nesta quinta (04), pela Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro, sobre a primeira década das cotas nas universidades públicas fluminenses. “Indicadores da Uerj, que é pioneira, mostraram que a evasão de alunos cotistas é menor e o coeficiente de rendimento médio é ligeiramente maior que o de alunos não cotistas. Temos informações também que esses alunos têm conseguido se integrar no mercado de trabalho da mesma forma que os não beneficiados pelas políticas de inclusão”, frisou o coordenador da Elerj, deputado Gilberto Palmares (PT).

Pesquisador da Uerj, o professor André Lázaro foi quem apresentou os dados que, segundo ele, comprovam a necessidade das políticas de inclusão, “diante da desigualdade de condições enfrentadas por alunos cotistas e não cotistas para ingressar no ensino superior e de alguns resultados alcançados nesses dez anos, aumentando a diversidade cultural e étnica nas universidades”. Lázaro chegou a admitir que, em 2003, era contrário às cotas, mas que seu trabalho a respeito do assunto e os resultados que pôde observar no período – referindo-se ao aumento do número de alunos negros nas instituições de ensino superior – levaram-no a mudar de ideia e a defender essa política.

Personagem símbolo do debate, o aluno cotista e integrante do Grupo de Pesquisa Imagens, Narrativas e Práticas Culturais da Uerj, Élbio Ribeiro, contou sua história de vida e as dificuldades que teve para ingressar na universidade. “Na minha infância, acompanhava minha mãe que saía para fazer faxina na casa de outras pessoas e usava o elevador de serviço. O espaço que eu tinha liberdade para transitar era o quarto de empregada e a cozinha. Hoje, frequento os mesmos bairros que os meus amigos de faculdade e entro nas casas como convidado. Sou o primeiro universitário da minha família, e o fato de ser cotista me traz a responsabilidade de representar não só as minorias negras ou pobres, como o poder público que me deu oportunidade”, registrou.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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