Desde a implantação
do sistema de cotas para negros e pardos na Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, houve aumento de 15,8% no número de
estudantes com essas características, na faixa entre 18 e 24 anos de
idade, cursando ou concluindo o ensino superior. O dado foi
apresentado em um debate promovido, nesta quinta (04), pela
Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro, sobre a primeira
década das cotas nas universidades públicas fluminenses.
“Indicadores da Uerj, que é pioneira, mostraram que a evasão de
alunos cotistas é menor e o coeficiente de rendimento médio é
ligeiramente maior que o de alunos não cotistas. Temos informações
também que esses alunos têm conseguido se integrar no mercado de
trabalho da mesma forma que os não beneficiados pelas políticas de
inclusão”, frisou o coordenador da Elerj, deputado Gilberto Palmares (PT).
Pesquisador da Uerj, o
professor André Lázaro foi quem apresentou os dados que, segundo
ele, comprovam a necessidade das políticas de inclusão, “diante
da desigualdade de condições enfrentadas por alunos cotistas e não
cotistas para ingressar no ensino superior e de alguns resultados
alcançados nesses dez anos, aumentando a diversidade cultural e
étnica nas universidades”. Lázaro chegou a admitir que, em 2003,
era contrário às cotas, mas que seu trabalho a respeito do assunto
e os resultados que pôde observar no período – referindo-se ao
aumento do número de alunos negros nas instituições de ensino
superior – levaram-no a mudar de ideia e a defender essa política.
Personagem símbolo do
debate, o aluno cotista e integrante do Grupo de Pesquisa Imagens,
Narrativas e Práticas Culturais da Uerj, Élbio Ribeiro, contou sua
história de vida e as dificuldades que teve para ingressar na
universidade. “Na minha infância, acompanhava minha mãe que saía
para fazer faxina na casa de outras pessoas e usava o elevador de
serviço. O espaço que eu tinha liberdade para transitar era o
quarto de empregada e a cozinha. Hoje, frequento os mesmos bairros
que os meus amigos de faculdade e entro nas casas como convidado. Sou
o primeiro universitário da minha família, e o fato de ser cotista
me traz a responsabilidade de representar não só as minorias negras
ou pobres, como o poder público que me deu oportunidade”,
registrou.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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