A Comissão de
Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
realizou, nesta quarta (03), uma audiência pública para
discutir a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, além de
debater o projeto apresentado pela Prefeitura do Rio para a
recuperação e limpeza do local através de um sistema de dutos
afogados. “Estamos
diante de um bem público que queremos salvar”, afirmou a
presidente do colegiado, deputada Aspásia Camargo (PV), no início da reunião. Representante da
prefeitura, Alexandre De Bonis disse que 39 pontos de despejo
irregular de esgoto na lagoa foram identificados pelo município e
informados à Companhia Estadual de Águas e Esgoto.
“Queremos que o
projeto dos dutos afogados saia do papel, para que a lagoa tenha
também uma vocação econômica, com a pesca, os esportes náuticos.
Além disso, os grandes poluidores não podem mais ser escondidos. A
Cedae precisa ser mais efetiva”, argumentou a parlamentar. De Bonis
rebateu as críticas de que a lagoa “perderia sua vida com a
implantação do projeto”. Segundo ele, se algum problema ocorrer,
estão previstas compensações para os pescadores. “Foram
desenvolvidas três alternativas e os dutos afogados foram escolhidos
pela Coppe, da Universidade Federal do Rio, como a melhor
opção”, sublinhou.
“Gostaria que ficasse
claro que o projeto não está fechado. Está aberto a modificações.
Nas próprias audiências públicas que virão pela frente, mudanças
que se mostrem necessárias poderão ser feitas”, lembrou De Bonis.
Representante da EBX, Paulo Monteiro ressaltou que a empresa apoiou o
Executivo municipal e contribuiu para a elaboração do projeto, além
de ter realizado, com recursos próprios, inúmeras intervenções
para a limpeza da Lagoa. “Fizemos um reforço do cordão sanitário
e identificamos unidades clandestinas de esgoto. Não participamos
mais desse processo desde dezembro, mas a lagoa apresenta, hoje,
condições bem superiores às que encontramos quando resolvemos
ajudar a prefeitura”, afirmou.
Contrários ao projeto
escolhido, o presidente da Colônia de Pescadores Z-13, Pedro
Martins, e o autor de outro projeto, chamado “Enrocamento do Canal
do Jardim de Alah”, Flávio Coutinho, também participaram da
audiência. “Sou contra os dutos afogados, que estão fadados a
entupir. Vamos ser cobaias se realizarmos esse projeto”, alertou
Coutinho, ressaltando que trabalhou na Cedae por 25 anos e conhece as
características e necessidades da lagoa. “Nós, pescadores,
queremos uma lagoa com peixes, o que não ocorrerá com os dutos
afogados”, acrescentou Martins, que colocou lanchas da colônia à
disposição da deputada Aspásia Camargo, para fiscalização de
pontos irregulares de despejo de esgoto.
Também participou da
audiência o deputado Jânio Mendes (PDT), membro suplente da comissão, que lembrou que sua
cidade natal, Araruama, tem uma lagoa que sofreu situação
semelhante. “O que ocorreu lá se faz necessário por aqui.
Chegamos à conclusão que precisamos encontrar um meio termo, pois
temos e podemos achar um denominador comum”, finalizou.
Dutos afogados
Esse sistema consiste
em uma conexão entre o Canal do Jardim de Alah e o Oceano Atlântico
por meio de tubulações subterrâneas, denominadas de dutos
afogados. Por esse meio, o fluxo de troca acontece em função da
dinâmica de marés: quando a maré enche, a água do mar entra na
Lagoa. Nos períodos de maré baixa, a água da Lagoa extravasa para
o mar. As tubulações começariam no Canal do Jardim de Alah,
próximo à praia, e surgiriam no fundo do mar, a aproximadamente 200
metros da costa e a dez metros de profundidade.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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