quinta-feira, 4 de abril de 2013

DUTOS AFOGADOS DIVIDEM OPINIÕES NA LIMPEZA DA LAGOA RODRIGO DE FREITAS‏

A Comissão de Saneamento Ambiental da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro realizou, nesta quarta (03), uma audiência pública para discutir a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, além de debater o projeto apresentado pela Prefeitura do Rio para a recuperação e limpeza do local através de um sistema de dutos afogados. “Estamos diante de um bem público que queremos salvar”, afirmou a presidente do colegiado, deputada Aspásia Camargo (PV), no início da reunião. Representante da prefeitura, Alexandre De Bonis disse que 39 pontos de despejo irregular de esgoto na lagoa foram identificados pelo município e informados à Companhia Estadual de Águas e Esgoto.

“Queremos que o projeto dos dutos afogados saia do papel, para que a lagoa tenha também uma vocação econômica, com a pesca, os esportes náuticos. Além disso, os grandes poluidores não podem mais ser escondidos. A Cedae precisa ser mais efetiva”, argumentou a parlamentar. De Bonis rebateu as críticas de que a lagoa “perderia sua vida com a implantação do projeto”. Segundo ele, se algum problema ocorrer, estão previstas compensações para os pescadores. “Foram desenvolvidas três alternativas e os dutos afogados foram escolhidos pela Coppe, da Universidade Federal do Rio, como a melhor opção”, sublinhou.
“Gostaria que ficasse claro que o projeto não está fechado. Está aberto a modificações. Nas próprias audiências públicas que virão pela frente, mudanças que se mostrem necessárias poderão ser feitas”, lembrou De Bonis. 

Representante da EBX, Paulo Monteiro ressaltou que a empresa apoiou o Executivo municipal e contribuiu para a elaboração do projeto, além de ter realizado, com recursos próprios, inúmeras intervenções para a limpeza da Lagoa. “Fizemos um reforço do cordão sanitário e identificamos unidades clandestinas de esgoto. Não participamos mais desse processo desde dezembro, mas a lagoa apresenta, hoje, condições bem superiores às que encontramos quando resolvemos ajudar a prefeitura”, afirmou.

Contrários ao projeto escolhido, o presidente da Colônia de Pescadores Z-13, Pedro Martins, e o autor de outro projeto, chamado “Enrocamento do Canal do Jardim de Alah”, Flávio Coutinho, também participaram da audiência. “Sou contra os dutos afogados, que estão fadados a entupir. Vamos ser cobaias se realizarmos esse projeto”, alertou Coutinho, ressaltando que trabalhou na Cedae por 25 anos e conhece as características e necessidades da lagoa. “Nós, pescadores, queremos uma lagoa com peixes, o que não ocorrerá com os dutos afogados”, acrescentou Martins, que colocou lanchas da colônia à disposição da deputada Aspásia Camargo, para fiscalização de pontos irregulares de despejo de esgoto.

Também participou da audiência o deputado Jânio Mendes (PDT), membro suplente da comissão, que lembrou que sua cidade natal, Araruama, tem uma lagoa que sofreu situação semelhante. “O que ocorreu lá se faz necessário por aqui. Chegamos à conclusão que precisamos encontrar um meio termo, pois temos e podemos achar um denominador comum”, finalizou.

Dutos afogados

Esse sistema consiste em uma conexão entre o Canal do Jardim de Alah e o Oceano Atlântico por meio de tubulações subterrâneas, denominadas de dutos afogados. Por esse meio, o fluxo de troca acontece em função da dinâmica de marés: quando a maré enche, a água do mar entra na Lagoa. Nos períodos de maré baixa, a água da Lagoa extravasa para o mar. As tubulações começariam no Canal do Jardim de Alah, próximo à praia, e surgiriam no fundo do mar, a aproximadamente 200 metros da costa e a dez metros de profundidade.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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