A Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo deputado Robson Leite (PT), pretende transformar a gafieira em um Bem Imaterial do Estado. A decisão de imortalizar um pedaço importante da cultura do Rio de Janeiro surgiu durante a vistoria do colegiado à casa de shows e eventos Gafieira Elite, na Rua Frei Caneca, no Centro da capital, nesta quinta (22). Além de ressaltar a importância do estilo de dança de salão, os parlamentares querem também provocar o poder público a investir na revitalização da região, que é pouco iluminada e tem problemas na coleta de esgoto, além da investir na estrutura interna da casa, uma das poucas que ainda contam com eventos de gafieira permanentes.
"Esse espaço conta um pouco da história do Rio de Janeiro. É obrigação do Estado se fazer presente aqui. Nós vamos bolar um plano de ação com inciativas para valorizar esse local. Queremos o tombamento da gafieira como Patrimônio Imaterial do Estado. Além disso, queremos que o Estado se faça presente, através de recursos públicos, para diminuir o abandono da região à noite. Vamos trabalhar por um projeto autorizativo que possibilite o Estado a abraçar e dar os recursos necessários para que a Elite possa funcionar plenamente", anunciou o petista. Além de tornar a gafieira como bem imaterial, os deputados pretendem conceder o Título de Benemérito do Estado para a Gafieira Elite e realizar uma celebração com artistas, para dar início à campanha pela revitalização da região.
Fundada em 1930, o Gafieira Elite sempre foi um centro da música e da dança e, durante décadas, acolheu personagens importantes da cultura brasileira. Hoje, ao lado da Estudantina, são as únicas casas cariocas que contam com eventos de gafieira permanentes em suas programações. "O nome do Gafieira Elite foi dado por um jornalista do Correio da Manhã, que foi barrado na porta da casa porque estava embriagado e mal vestido. Então ele saiu muito nervoso e disse que esse era um lugar que cometia gafes. Ai o proprietário, Júlio Simões, disse que a partir daquela data a casa iria se chamar Gafieira Elite, para não deixar mais dúvidas", contou Paulo Roberto, ou Paulinho do Elite, como gosta de ser chamado o diretor artístico do local.
De acordo com o gerente do Gafieira, Fábio da Costa Martins, a região do entorno é mal iluminada, insegura e precisa de reparos na rede de esgoto. "Precisamos de um olhar maior do Executivo. A questão da iluminação é grave. Nós temos também um vazamento constante quando chove. Tem um bueiro que sempre vaza muito. Alaga toda a lateral da casa e vai até o hospital Souza Aguiar. Com isso, vem o problema do mau cheiro. Já pedimos uma solução e nunca fomos atendidos", denunciou Fábio. Já na parte interna da casa, as necessidades para o funcionamento pleno são "uma reforma nos banheiros, um reforço na estrutura do girau, devido ao desgaste gerado pelo tempo de uso, além de pequenos reparos na parede e na pintura". "Nós queremos lutar para manter a casa do jeito que ela sempre foi. E isso é caro, porque é uma construção da década de 1930. O padrão de gafieira exige o chão de madeira, o palco e o altar", concluiu o gerente. "Não podemos passar por comemorações internacionais, olímpicas, sem que tenhamos um espaço nobre da nossa música popular devidamente resgatado. É uma prioridade. O prédio precisa de cuidados. Não podemos correr o risco de uma tragédia aqui por falta de um projeto de resgate de estrutura", comentou a deputada Aspásia Camargo (PV), membro da comissão.
A Gafieira Elite, antigo Elite Clube, fundada em 1930, completará 84 anos em julho do próximo ano. Durante muito tempo, artistas e autoridades como João Nogueira, Elizeth Cardoso, Chico Buarque e Dalva de Oliveira, além dos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, entre outros nomes ilustres, frequentaram o local.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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