A Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro elaborará um documento, em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil e a Defensoria Pública do estado, contendo sugestões e posicionamentos das entidades de pessoas com deficiência do Estado do Rio de Janeiro em relação ao Estatuto que trata do tema, em tramitação no Congresso Nacional. As informações para a elaboração do documento foram colhidas em audiência pública realizada nesta segunda (23). "Chegamos a algumas conclusões, como a de sermos contra a aprovação do Estatuto como um todo, especialmente como está hoje", afirmou o presidente do colegiado, deputado Márcio Pacheco (PSC). O relatório será entregue à deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), relatora do Estatuto.
Além do posicionamento contrário à aprovação e criação de um Estatuto para as pessoas com deficiência, Márcio Pacheco listou outras sugestões feitas: a criação de uma lei que regulamente o cumprimento da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; a apresentação de emendas supressivas ao projeto do Estatuto, excluindo artigos, que tratam do mercado de trabalho inclusivo; a defesa da manutenção das instituições de educação especial; e a alteração redacional do capítulo que trata do transporte desses cidadãos, mantendo direitos garantidos em legislações anteriores. "A aprovação do texto com o artigo representa um risco de que mais de 2 mil deficientes percam seus empregos, apenas no nosso estado", alertou Márcio Pacheco.
Superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Teresa d'Amaral revelou que o grupo sempre se colocou contrário à criação do Estatuto. "Precisamos que as leis que já existem sejam cumpridas", afirmou, lembrando que a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência não participou da elaboração do Estatuto, que ficou a cargo da Secretaria de Direitos Humanos. A professora Edicléa Mascarenhas, do grupo Pestalozzi, também fez críticas ao texto que tramita no Congresso, chamando atenção para a área da educação, que considera preocupante. "Do jeito que está, crianças perderão direitos. Inclusão não é jogar todo mundo na mesma sala. Existem crianças que podem ser incluídas em turmas regulares, mas existem outras que precisam de um tratamento especializado", analisou.
O deficiente visual e procurador do Banco Central Cláudio Rodrigues afirmou que o Estatuto traz avanços em alguns pontos, mas precisa ser melhorado em outros. "O texto avança na parte de criminalizar a discriminação. Avança também na responsabilização do gestor, por improbidade administrativa, quando não se ajusta às questões de acessibilidade", pontuou. Já o presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB-RJ, Geraldo Nogueira, ressaltou que é necessária a criação de uma lei federal regulamentando a questão. O advogado concordou que o Estatuto tem trechos positivos, porém lembrou que há outros que precisam ser melhorados.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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