Plumas amarelas em vez de flores, cílios postiços e batom vermelho. Estas foram as orientações da eterna vedete Virgínia Lane à filha de criação, Marta Santana, sobre seu velório. Seu desejo foi respeitado, e foi desta forma que familiares e amigos a encontraram, durante o velório realizado na manhã desta quarta-feira (12) no Saguão Presidente Getúlio Vargas, no Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. “Minha mãe não poderia estar de outra forma. Ela escolheu tudo, da roupa que vestiria às plumas. Quando ela me pediu para vesti-la assim, não pude me recusar, essa é ela”, disse a filha. O deputado Paulo Ramos (PSol) lamentou o falecimento da artista. “Fiz questão de vê-la para a última despedida. Ainda sou de uma geração que assistiu e acompanhou o movimento artístico brasileiro, das manifestações culturais verdadeiramente genuínas, e a Virginia Lane, a vedete do Brasil, marcou essa época", contou o parlamentar.
A atriz morreu na segunda-feira (10) no Hospital São Camilo, em Volta Redonda, após ter uma infecção generalizada. Virginia faleceu aos 93 anos, 10 dias depois de ter sido homenageada como embaixatriz do carnaval de Belém, no estado do Pará. Segundo a filha, Lane deu entrada no hospital dois dias após chegar da viagem, no dia 30 de janeiro, com febre e uma infecção urinária agravada. Dez dias depois o quadro clínico se agravou.
A vida da atriz foi marcada por grandes sucessos e pela irreverência na forma de falar e cantar. “Na época que minha mãe começou a fazer sucesso tudo era muito encoberto, as coisas eram ditas nas entrelinhas. Mas ela era diferente, chegava e falava sem pudor e sem vergonha o que tivesse que ser dito” relembrou Marta. Virgínia ganhou notoriedade aos 34 anos, quando dominou as rádios brasileiras com o sucesso Sassaricando. Na ocasião, recebeu a faixa de Vedete do Brasil das mãos do presidente Getúlio Vargas, fazendo referência às figuras populares dos teatros de revista.
Em vida, Virgínia conheceu o pesquisador teatral Daniel Marano, que ficou interessado na história da atriz depois de fazer pesquisas para o livro “As Grandes Vedetes do Brasil”. A partir desse trabalho, Daniel decidiu escrever a biografia da amiga. Para o escritor, Virginia foi uma vedete “full time”, como ele mesmo mencionou. “Ela assumiu essa identidade. Toda essa caracterização de vedete partiu dela. Virgínia conseguiu ser maior do que o gênero”, afirma Daniel, que esteve presente no velório e informou que a biografia deve ficar pronta no início de 2015, quando a morte da atriz completar 1 ano.
Comunicação Social da Alerj
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