quinta-feira, 10 de abril de 2014

RELIGIÕES AFRODESCENDENTES TERÃO ESPAÇO PARA REALIZAÇÃO DE RITUAIS‏

O estado do Rio vai criar espaços dedicados a rituais de religiões afrodescendentes. A iniciativa, da Secretaria de Estado do Ambiente, pretende viabilizar a prática dos rituais, sem degradar a flora. O projeto arquitetônico dos Espaços Sagrados está sendo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem previsão de estar pronto até o fim deste mês. Em seguida, será elaborado o projeto executivo para, então, ser definido o orçamento para as obras. O anúncio foi feito pelo secretário da pasta, Carlos Portinho, durante audiência da Comissão de Combate às Discriminações da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, nesta quinta (10).

Segundo Portinho, o orçamento previsto para a construção de um dos espaços, na curva do S, na Floresta da Tijuca fica entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, mas este preço precisa diminuir. “O terreno da curva do S, onde será construído um dos Espaços Sagrados, é muito acidentado, o que pode justificar o orçamento. Devemos adequar o preço para que não pareça uma política pontual, porque se isso é uma preocupação do estado, pelo seu viés ambiental, deve ocorrer no Rio inteiro. Um orçamento alto pode prejudicar o direcionamento do projeto para outros municípios do estado”, explicou.
Presidente da comissão, o deputado Carlos Minc (PT) disse que lançou o projeto quando ainda era secretário da área. Para ele, é uma questão de responsabilidade ambiental e de respeito às diversidades. “O objetivo é ter liberdade de culto com preservação de ecossistemas. Os espaços sagrados são pequenas áreas onde as oferendas possam ser feitas com segurança, sem agredir o meio ambiente”, disse.
O coordenador da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, disse que o respeito à diversidade religiosa proposto pela iniciativa vai ser um exemplo importante para o Brasil. “É importante para o país, na medida em que você tem várias religiões que têm uma relação sagrada com a natureza. Fica estabelecido um espaço, com regras claras para a sua utilização; com isso acaba sendo criado um respeito à diversidade religiosa”, opinou.
Ex-superintendente de Educação Ambiental da Secretaria de estado do Ambiente e atual presidente da Associação Ambientalista Defensores da Terra, Lara Moutinho idealizou todo o projeto dos Espaços Sagrados. Ela atentou para a necessidade de haver conscientização dos praticantes dessas religiões para não poluírem o verde. “Falta reeducação ambiental na população. Alguns dos religiosos que precisam ter acesso à natureza não têm relação de sagrado construído com o ambiente. As oferendas devem ser recolhidas após um tempo, e eu já vi muita mãe de santo levando vassoura para os cultos porque os locais ficam muito sujos. As oferendas devem ser feitas em folhas, descartando o uso de materiais que não são biodegradáveis e que podem contaminar a fauna”, explicou a bióloga.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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