Em visita técnica realizada nesta quarta-feira (20) no Centro de Gerenciamento de Resíduos de Itaboraí, na Região Metropolitana, deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro destinada a investigar e apurar as causas e consequências do uso e permanência dos lixões no Estado verificaram que a empresa responsável, Estre Ambiental, não faz o tratamento completo do chorume, apesar de ter capacidade para o trabalho. De acordo com a empresa, falta a outorga do Instituto Estadual do Ambiente para que o chorume seja tratado de forma completa, ou seja, até a transformação em água de reúso. “Vamos indagar o Inea e a Secretaria de Estado do Ambiente para saber por que há quatro anos esse CGR funciona sem autorização para o tratamento completo do chorume, como estava previsto em contrato”, comentou o presidente da CPI, deputado Dr. Sadinoel (PT).
Em funcionamento há quase cinco anos, o CGR de Itaboraí recebe cerca de uma tonelada de lixo por dia dos municípios de Itaboraí, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu, Maricá, Guapimirim e Tanguá, além de lixo de escavação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e de outras indústrias da região. A tonelada custa R$ 60. A quantidade de chorume chega a 100m³, cerca de três caminhões de lixo por dia. A Estre somente faz o tratamento primário, separação do lixo líquido do sólido e eliminação do mau cheiro, e encaminha o resíduo líquido para uma empresa localizada em Santa Cruz, na zona Oeste. Integrante da CPI, o deputado Thiago Pampolha (PTC) disse que o custo da operação “acaba no bolso do contribuinte”. “A empresa paga duas vezes: uma para tratar o chorume na fase primária e outra para dar o destino do líquido. Então, esse custo vai parar no bolso do cidadão no final das contas”, explicou.
Lixo hospitalar
Vice-presidente do grupo, a deputada Lucinha (PSDB) indagou a Estre sobre o lixo hospitalar que o CGR recebe. De acordo com a empresa, somente materiais das classes A (luvas, gases e sondas) e E (seringas e agulhas) podem ser esterilizados através do processo de autoclave, realizado por vapor e pressão até 150ºc. A parlamentar questionou o motivo de os municípios fora do contrato inicial, como Niterói, enviarem lixo hospitalar para Itaboraí. “Precisamos verificar no contrato se está correto o recebimento desse material”, comentou.
Impactos ambientais e sociais
Lucinha também apontou que o espaço pode estar sendo subutilizado, pois o aterro possui 2,6 milhões m². De acordo com a deputada, poderia haver um centro de coleta seletiva dentro do CGR Itaboraí, dessa forma aumentaria a vida útil do aterro e geraria emprego aos catadores da região. “Todo o lixo que chega aqui é aterrado e não há triagem do material. Pelo tamanho do local, acho que poderia atender mais municípios. Vamos convocar as prefeituras da região para saber por que não há trabalho da coleta seletiva integrado aqui”, afirmou a vice-presidente.
Pampolha alertou para a pouca quantidade de árvores de replantio no entorno do aterro, previsto em contrato. “O replantio permite o controle da temperatura da região e a melhora na qualidade do ar para a população local”, avaliou.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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