Em três dias de muitas discussões e negócios, e diante de um cenário econômico retraído, a segunda edição da Carnavália-Sambacom terminou na noite de ontem (20), com mais de R$ 15 milhões de negócios gerados para o próximo carnaval, um volume 10% superior ao ano passado. Passaram pela feira cerca de 10 mil visitantes de vários estados do Brasil e de outros países, como os representantes do carnaval de Tóquio, Nobuyuki Suwa, e de Londres, Richard Galbraith.
Para Nei Barbosa, um dos organizadores do evento, a segunda edição da Carnavália teve um grande crescimento em relação ao ano passado. “Em 2014, ainda tínhamos uma curiosidade grande e certa desconfiança sobre o sucesso do evento, por ser o primeiro do gênero. Aprimoramos e o resultado foi excelente, a Carnavália está consolidada no calendário nacional”, ressaltou Barbosa.
Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Jorge Castanheira falou da importância do relacionamento entre todos os envolvidos com o carnaval e elogiou o resultado da feira. “Nossa disputa é apenas naqueles 82 minutos na avenida, o restante do ano é companheirismo e cumplicidade, modelo que não podemos esquecer”, enfatizou. “Ninguém faz nada sozinho”, completou.
Com 70 estandes em uma área de seis mil metros quadrados, 25% maior em relação a 2014, a Carnavália foi realizada de 18 a 20 de junho no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio, e reuniu a cadeia produtiva da folia, com fornecedores como lojas de tecidos, penas e plumas, calçados especiais, instrumentos musicais, gráficas, entre outros.
Os debates
Além dos negócios, o Encontro Nacional do Samba – Sambacom, evento paralelo de discussões sobre o mundo do carnaval, também apresentou algumas ideias como a proposta de criação de uma Federação Nacional do Carnaval, para levar o assunto às esferas federais. A proposta foi encabeçada pela Associação de Escolas de Samba de Porto Alegre e da União das Escolas de Samba de São Paulo, com apoio da Liga das Escolas de Samba do Rio, Liesa.
O debate esquentou na mesa de debates “O espetáculo que se renova”, última do evento na noite de ontem, que discutiu a questão dos enredos patrocinados, até que ponto deve se dar a interferência dos patrocinadores no desenvolvimento dos enredos e outros problemas enfrentados pelas escolas diante da falta de recursos.
“Tudo dá para se fazer com consciência, desde que haja respeito entre as partes, tanto do patrocinador quanto da escola. O patrocínio é uma tendência que já se consolidou, uma realidade”, defendeu Renato Lage, carnavalesco do Salgueiro.
Cahê Rodrigues, da Imperatriz Leopoldinense, acredita que, com boa vontade, qualquer tema pode virar enredo, mas concorda que, dependendo da forma como são encaminhados, muitos enredos podem ser complicados demais para os carnavalescos. “Tem que ter respeito com a criação. Um bom enredo faz muita diferença, dá para fazer um bom samba, por exemplo”, pondera.
Carnaval de rua
O desafio de enfrentar o crescimento do número de blocos de rua e de foliões foi o tema central da mesa que juntou representantes dos carnavais do Rio, com a participação da presidente da Sebastiana Rita Fernandes e do diretor operacional da Riotur Gustavo Mostofi, do diretor de Eventos da Belotur – Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte, Luiz Felipe Barreto, do presidente do Conselho de Carnaval de Salvador, Pedro Manoel da Costa.
O diálogo entre poder público e blocos é o caminho para enfrentar o fenômeno do crescimento e a gestão do espaço público nos próximos anos. Questões como adequação das legislações municipais e estaduais, no caso de Rio e Belo Horizonte, e de uma melhor distribuição dos recursos em Salvador de forma a beneficiar os agentes do carnaval, foram destacadas no debate.
“Enquanto o carnaval de rua for tratado como evento, não sairemos desse impasse que temos hoje no Rio, com exigências indevidas aos blocos, como instalação de unidades de tratamento intensivo nos locais dos desfiles, entre outras do Corpo de Bombeiros, por exemplo”, disse Rita Fernandes, em referência ao único dispositivo da legislação estadual usada como parâmetro.
Carnaval no mundo
Nobuyuki Suwa, representante do Carnaval de Tóquio, foi uma das grandes atrações da feira. Nobuyuki é responsável pelo Asakusa Samba Carnival, festa que reúne, uma vez por ano, 500 mil pessoas, 16 escolas de samba e premiações que chegam a 20 mil dólares. “Estou encantado com o Brasil. Lá a técnica e o estilo do carnaval seguem o modelo brasileiro, mas é todo dirigido por japoneses”.
Ascom CARNAVÁLIA/SAMBACOM
Edição e Fotos: Camilo Borges
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