Rio de Janeiro - A programação carioca da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, que acontece este ano em 20 capitais brasileiras, terá um diferencial em relação à de outras cidades. Paralelamente à exibição de 41 filmes, entre clássicos, premiados e inéditos, de 30 de novembro a 5 de dezembro, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, serão realizados debates sobre temas abordados em alguns dos títulos da mostra. Moradores e estudantes de comunidades que vivenciaram uma história de violência poderão assistir aos filmes e debates, como resultado de um trabalho de mobilização da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
A mostra é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira, patrocínio da Petrobras e apoio local da secretaria estadual. Na abertura, às 19 horas do dia 30, será exibido o documentário Perdão, Mister Fiel, de Jorge Oliveira, premiado como melhor filme pelo júri da Câmara Legislativa no Festival de Brasília do ano passado. O filme aborda a morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho, nos porões da ditadura, em 1976, em São Paulo, e discute o apoio dos Estados Unidos aos regimes militares da América do Sul, naquele período.
“O Rio é uma cidade com uma oferta cultural muito ampla em matéria de festivais de cinema, e por isso sentimos a necessidade de que a mostra aqui tivesse esse diferencial”, afirma Marcus Vinicius de Mattos, da Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do órgão estadual e um dos responsáveis pela programação carioca. O deputado estadual Marcelo Freixo (P-SOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, será um dos debatedores da mesa Memória e Verdade, juntamente com o advogado Técio Lins e Silva, defensor de perseguidos durante a ditadura militar. Em outro enfoque da questão dos direitos humanos, a inclusão das minorias será abordada na mesa Multiculturalismo e Diversidade, pelo cacique Darci Tupã de Oliveira e pelo antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, do Museu Nacional.
Estudantes e moradores de três comunidades beneficiadas com as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) – Providência, Cidade de Deus e Borel – receberão transporte gratuito da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos para assistir aos eventos da mostra, que têm entrada franca. “Os jovens que assistirem aos debates e a pelo menos 30% dos filmes receberão certificados de participação em atividades acadêmicas, emitidos pela UFRJ”, explica Marcus Vinicius de Mattos. A universidade, por meio do Grupo de Pesquisa Direito e Cinema, é responsável pela organização dos debates.
A programação de filmes, disponível no site www.cinedireitoshumanos.org.br , está distribuída por dois grandes grupos. Retrospectiva Histórica – Direito à Memória e à Verdade, reúne títulos sobre fatos e consequências das ditaduras militares nas décadas de 60 a 80 na América do Sul. Já a sessão Contemporâneos traz produções inéditas sobre uma ampla variedade de temas, como direito à terra e ao trabalho, diversidades étnica e religiosa, direitos dos povos indígenas, dos afrodescendentes, das pessoas com deficiência, cidadania LGBT e refugiados.
Agência Brasil
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