Presidente do colegiado, o deputado Gilberto Palmares (PT) chamou atenção para o fato de que a imobiliária deu credibilidade ao empreendimento, ao lado da Caixa Econômica Federal, e, depois que o problema ocorreu, quer se eximir de responsabilidade. “O mais grave é o empreendimento em São Pedro da Aldeia, envolvendo a Julio Bogoricin e a AG Prima, em que as pessoas foram atraídas pelo nome da empresa”, aponta o petista, que completa: “Temos um caso em que uma pessoa pagou R$ 150 mil à vista, agora a Julio Bogoricin não reconhece, diz que é com a AG Prima, que diz que é com a Julio Bogoricin. A obra foi embargada pela prefeitura, está totalmente parada. Temos aqui um caso de estelionato, e que vamos apurar com rigor”.
Leila Bogoricin ressaltou que quando sua empresa foi contratada pela AG Prima, a mesma apresentou todos os documentos necessários para o empreendimento, como licenças ambientais, o projeto aprovado, autorizações de órgãos reguladores, incluindo a promessa de compra e venda do terreno devidamente registrada, além de se apresentar como uma empresa reconhecida pela Caixa Econômica Federal como apta. “Iremos convidar todas essas pessoas citadas, pois, se alguém compra algo e não recebe o ‘produto’ pelo qual pagou, é estelionato”, reforçou o deputado Luiz Paulo (PSDB), vice-presidente da CPI. Leila Bogoricin se comprometeu a enviar novos dados ao colegiado, assim como realizar correções sobre possíveis erros materiais contidos no dossiê entregue. Também convidada, a construtora AG Prima não compareceu à reunião e se comprometeu a prestar esclarecimentos na próxima oitiva da comissão, marcada para a segunda-feira (02/09).
A empresa Gafisa prestou esclarecimentos através de seu diretor de incorporações, Alexandre Millen, que informou que hoje a construtora tem 19 empreendimentos entregues e seis ainda com obras em andamento. Questionado sobre dois grandes atrasos em entrega de imóveis, um na Zona Oeste da capital fluminense, no bairro Recreio dos Bandeirantes, e um em Niterói, que teriam ultrapassado 20 meses, o representante informou que a empresa sofreu com problemas de remoção de rochas e de falta de mão de obra qualificada em ambos os casos. Alexandre Millen ressaltou que no caso do Recreio dos Bandeirantes contratou os melhores especialistas em contenção de encostas do mercado, além de ter investido três vezes o previsto no empreendimento, para minimizar os danos causados a seus clientes. Sobre o caso de Niterói, pontuou que na ocasião fez um Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público, e que cumpriu à risca todos os compromissos assumidos.
O deputado Wagner Montes (PSD), relator da CPI, ressaltou que apenas no Fórum da Barra da Tijuca existem 151 citações judiciais contra a Gafisa. O parlamentar questionou o fato de que em um financiamento, o banco para de liberar parcelas à construtora se a mesma atrasar as obras, mas que o adquirente continua pagando suas parcelas ao banco, muitas vezes sem sequer tomar conhecimento dos atrasos. “No meu entendimento, se o banco cessa as parcelas à construtora, o adquirente deveria na mesma hora também cessar seus pagamentos, visto que o produto pelo qual está pagando acaba de ter prazo de entrega comprometido, isso se for entregue”, afirmou o relator.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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