Logo após se despedir
de exposição sobre a cultura popular, mais especificamente o
carnaval, o salão nobre da Assembleia Legislativa doEstado do Rio de Janeiro cedeu
espaço à música clássica. Os 130 espectadores que lotaram o
espaço assistiram, nesta sexta (27), a apresentação da
orquestra de câmara Symphonia Brasil Barroco. Com um programa
composto apenas por compositores da escola italiana, a orquestra
tirou proveito da acústica do local, “excelente”, segundo o
regente Marcelo Palhares. “A música clássica, embora possa ser
executada em qualquer lugar, precisa do aconchego da acústica”,
opina. Elogiando a iniciativa da Alerj de dar à música clássica
mais um espaço na cidade, Palhares a comparou ao teatro. “O
teatro, filmado, não é teatro. A música clássica é a mesma
coisa, ela só acontece de verdade ao vivo. E o Rio é carente de
espaços adequados”, lamenta.
O concerto, que durou
cerca de uma hora, apresentou a “Sinfonia nº 2”, de Antonio
Lucio Vivaldi; a “Sonata 2 para cordas”, de Tomaso Giovanni
Albinoni; “Sinfonia”, de Nicola Antonio Porpora; e “Sete Árias
para Soprano”, de Alessandro Scarlatti. Palhares ressaltou a
influência da música Barroca na formação cultural brasileira,
sobretudo em função do uso feito pela Igreja, na catequese, nos
séculos XVII e XVIII. O maestro ainda explicou que a escolha de
compositores italianos deu-se em função da influência que esta
Escola teve sobre todas as outras, “inclusive a nossa”, nesse
período. “Escolhemos compositores bem representativos de um estilo
que está no imaginário brasileiro”, aponta ele, que
especializou-se em regência orquestral e ópera com o compositor,
pianista e regente Alceu Ariosto Bocchino e desenvolveu carreira como
violinista em concertos com o repertório de sonatas barrocas e
clássicas.
Entre os mais
emocionados na plateia estava a costureira Maria do Socorro Silva. Fã
de música clássica, ela foi aluna de coro e ópera da solista da
orquestra, Willa Soanne, na Escola de Música do Centro de Educação
Tecnológica e Profissionalizante de Quintino, unidade de
ensino da Fundação de Apoio à Escola Técnica. “Emendo
um curso no outro, na verdade. Já fiz canto, teclado,
flauta...Música é uma grande alegria na minha vida”,
afirmou.
Sobre a orquestra
A Symphonia Brasil Barroco é uma
orquestra de câmara nos moldes dos grupos musicais que atuaram em
teatros e igrejas durante o século XVIII, no Brasil. No entanto, o
estilo barroco no Brasil não se limitou a um período histórico
uniforme e bem definido. O termo, neste caso, abriga as múltiplas
manifestações artísticas no que se refere aos estilos e à
concepção de mundo da época, a saber, a monarquia, a escravidão,
as insurreições e a liberdade de expressão, que conduziram
especialmente à Inconfidência Mineira, à Carioca e à Baiana.
É neste contexto que a
Symphonia desenvolve suas pesquisas estilísticas do repertório.
Seus instrumentistas são: Marcelo Palhares, Ana Gelape e Oswaldo
Velasco (violinos), Philippe Cardoso (viola), Vanja Dee (violoncelo),
Lucas Oliveira (contrabaixo) e Benedito Rosa (cravo).
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário