quarta-feira, 18 de abril de 2012

PLANO DE CARGOS PARA MÉDICOS DE PRESÍDIOS GANHA DEFESA DE COMISSÃO

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro vai enviar ao Governo do estado uma indicação legislativa, solicitando ao Poder Executivo a criação de mensagem (projeto de lei) para instituir um plano de cargos e salários para os profissionais da área de Saúde da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. A decisão foi anunciada nesta terça (17), durante reunião do colegiado para o debate da superpopulação e das condições de saúde nas 49 unidades prisionais fluminenses. “Hoje, temos uma carência enorme de profissionais deste setor na Seap, pois são apenas dois médios trabalhando no Sanatório Penal, onde ficam os presos com tuberculose, por exemplo. Isso é algo absolutamente desumano, ilegal e impróprio”, reclamou o presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo (PSol).

“A gente precisa de um plano de cargos e salários para os profissionais de Saúde que trabalham dentro das prisões, pois precisamos valorizar o salário dos médicos para que eles não abandonem o serviço”, frisou. Um grupo de trabalho para discutir de forma mais ampla toda a crise da saúde dentro do sistema prisional também foi formado na reunião desta terça. “O grupo vai se aprofundar nesse tema e vamos agendar uma reunião com o governador Sérgio Cabral para tratar dessas questões relativas à qualidade de vida dos presos”, contou. O grupo é formado por membros do Ministério Público Estadual, da Defensoria Pública, da Vara de Execuções Penais, da Seap e do Poder Legislativo.

O deputado Gilberto Palmares (PT) disse que existe uma crise no sistema carcerário e reforçou a necessidade do envio da indicação legislativa ao governador. “Temos uma população carcerária de aproximadamente 30 mil presos e com uma grave situação de expansão da tuberculose e da Aids. O Rio é o estado com o maior número de tuberculose no Brasil e esse número é ainda maior dentro do sistema prisional. Temos que melhorar as condições de trabalho e salariais desses profissionais. Um médico que atende nas prisões não pode ganhar apenas R$ 1.500”, lamentou Palmares.

A responsável pelo Programa de Controle da Tuberculose da Seap e assessora técnica do Fundo Global Tuberculose Brasil, Alexandra Sanchez, destacou a carência do tratamento da enfermidade, em se tratando da população carcerária. “A vulnerabilidade dessas pessoas pode ser explicada pelas condições insalubres das prisões, a assistência inadequada, o contexto de violência e a falta de conscientização dos detentos e dos agentes de saúde”, avaliou. Segundo Alexandra, o índice de casos da tuberculose nos presídios é 36 vezes maior que o da média da população e um dos principais motivos para isso seria a redução no número de médicos nos presídios. “Em 2005, o Sanatório Penal tinha 11 profissionais para o atendimento dos presos e, este ano, conta com apenas dois”, ponderou.

O Secretário de Administração Penitenciária, coronel César Rubens, reconheceu as dificuldades e reclamou da falta de emendas orçamentárias para a pasta. “Sabemos que ainda há muito a fazer, mas estamos avançando”, garantiu.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

Um comentário:

  1. Na realidade, mais de 120 médicos das diversas especialidades abandonaram a SEAP nos últimos anos. E o fechamento de tres Unidades Hospitalares do Sistema Prisional também contribuiram para o sucateamento da Saúde naquele Órgão até chegar ao desastre que ora vemos, com a disseminação incontrolada de Tuberculose e AIDS. Mais uma Taça de Campeão para o Estado do Rio de Janeiro

    ResponderExcluir