A Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decidiu em audiência extraordinária, nesta quinta-feira (28), pela convocação dos quatro oficiais da Polícia Militar responsáveis pelo treinamento do recruta Paulo Aparecido dos Lima, 27, que teve morte cerebral no último dia 18. O jovem sofreu de insolação e queimaduras nas nádegas e mãos depois de praticar exercícios no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio, no último dia 12. Os militares são: tenentes Sérgio Batista Viana Filho, Jean Silveirade Souza, Gerson Ribeiro Castelo Branco, Paulo Honésimo Cardoso da Silva e o capitão Renato Martins Leal da Silva.
“Tudo leva a crer que houve excesso no treinamento e falha no socorro ao recruta. Mas precisamos formalizar os fatos e ouvir os principais envolvidos. Eles não aceitaram o convite, mas terão que se apresentar mediante a convocação para apurar as circunstâncias da morte do recruta”, destacou o presidente da comissão, deputado Iranildo Campos (PSD), que ouviu os comandantes do CFAP e o do Hospital da PM. “Quero que tudo venha à tona. Quem deve, tem que pagar”, destacou Campos.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, deputado Marcelo Freixo (PSol), ressaltou ainda: “O certo é que Paulo Lima morreu por causa da estupidez. Junto com o Ministério Público estamos ouvindo familiares e os demais 32 alunos que sofreram lesões. Escutamos que não se trata de um caso isolado. O trote ou “suga”, termo usado dentro da corporação, é uma prática frequente durante as instruções militares”, afirmou.
O deputado Paulo Ramos (Psol) endossou as palavras de Freixo, e qualificou o fato como uma grande tragédia. “Infelizmente se constata que a prática da violência na corporação é corriqueira. É o culto aos ‘Rambos’ da vida real. A ética que prevalece nas forças de segurança é o desrespeito aos direitos elementares do cidadão e aos direitos humanos. Estamos aqui unindo esforços, ouvindo os envolvidos e buscando justiça. A dor de uma família não é possível tirar”, disse.
Sob a alegação de que não pode quebrar o sigilo das investigações, o comandante do centro de ensino, coronel Nélio Monteiro declarou: “O CFAP não é uma creche, mas não admito tratamento nocivo a nenhum aluno”. Segundo o militar, é necessário transparência e cautela sem nenhum pré-julgamento.
Lembrando o fato
Paulo Aparecido Santos de Lima, teve morte cerebral na segunda-feira (18), após ter se sentido mal durante um treinamento de recrutas da Polícia Militar no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, em Sulacap, na zona Oeste do Rio.
O jovem fazia parte da 5 ª Companhia Alfa com 490 alunos do curso preparatório da PM. No dia 12 de novembro, como ele, mais 33 alunos tiveram queimaduras nas mãos e nádegas e receberam atendimento na UPA de Marechal Hermes. Lima foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar no mesmo dia. A morte cerebral foi constatada seis dias depois. O curso da CFAP treina policiais para atuar em Unidades de Polícia Pacificadora.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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