Mais de 70% das crianças desaparecidas no Estado do Rio voltam para suas casas. Os números foram revelados pelo presidente do Instituto de Segurança Pública, coronel Paulo Augusto Souza Teixeira, nesta quinta (28), durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que investiga o tráfico de crianças no estado. A audiência foi conduzida pelo presidente do colegiado, deputado Paulo Ramos (PSol). Os dados são de investigações da Polícia Civil, realizadas em 2007, e foram publicados pelos ISP, em 2009, em um estudo sobre os desaparecidos no estado. “Esse intervalo foi importante, pois as apurações avançaram e algumas pessoas voltaram para suas casas. Descobrimos que mais de 70% retornam”, revelou o oficial, dizendo haver um perfil detalhado com sexo, faixa etária e cor das vítimas.
No material também há detalhes sobre as motivações desses sumiços. As causas básicas são a fuga, predominantemente de menores que são dependentes de seus familiares, mas sofrem alguma situação que os oprime; há o grupo de pessoas com distúrbios mentais, que são encontradas na rua, não sabem dizer onde moram e acabam sendo encaminhadas para instituições especializadas; e a violência, quando há relação com tráfico de drogas, ou outro tipo de envolvimento com atividades criminosas organizadas, como agiotagem e jogo do bicho. “Também são motivos de desaparecimentos casos relacionados com atividades recreativas, como boates, festas e raves, e aqueles que saem de casa para comprar algo necessário e simplesmente não voltam”, conta Teixeira.
O presidente da CPI lembrou do trabalho da delegada Cristina Coelli Cicarelli, da 3º Delegacia da Polícia Civil de Minas Gerais, que participou da última reunião da CPI. O parlamentar reforçou a importância da troca de experiências. “Ela criou uma rede de interlocução e apresenta dados que demonstram o êxito das ações. Até já encaminhamos à chefe de polícia Martha Rocha essa sugestão, para que uma equipe da Polícia Civil fluminense vá até Belo Horizonte para recolher as experiências adquiridas. Também deixamos a mesma sugestão para o coronel Paulo”, afirma.
O parlamentar também defendeu a união da comissão com a CPI que investiga as causas e responsabilidade por pessoas desaparecidas no estado, presidida pelo deputado Luiz Martins (PDT). “Nós investigamos o tráfico de crianças, já que existe uma CPI investigando os desaparecidos, vale a pena unirmos esforços. Inclusive vou sugerir a fusão dos dois grupos, porque estamos caminhando no mesmo sentido, já que o tráfico de crianças envolve o desaparecimento”, ponderou.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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