segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Helinho da Grande Rio: "O samba não foi queimado, segure a lágrima que nós vamos desfilar"

Rio de Janeiro- O incêndio que destruiu o barracão da Escola de Samba Grande Rio, vice-campeã do carnaval 2010 e atingiu os galpões da Portela e da União da Ilha, hoje (7), na Cidade do Samba (zona portuária), assustou e comoveu funcionários e componentes das escolas. A um mês do desfile, as agremiações tentam agora contar os prejuízo e resgatar o que sobrou.

Enquanto o Corpo de Bombeiros apagava as últimas chamas, costureiras e mecânicos avaliavam as perdas. A chefe do ateliê de fantasias de luxo (de destaques e passistas) da União da Ilha, Bruna Bi, acredita que o fogo destruiu cerca de 2 mil fantasias de 18 alas. "Meu ateliê não foi abalado, mas não deu para salvar as fantasias dos componentes", contou a estilista.

Um dos mestres-salas da União da Ilha, Reinaldo Alves lembra que em 1999 a escola também foi atingida por um incêndio, mas que desfilou com fantasias improvisadas e ficou em décimo lugar entre 14 escolas. "Vamos decidir o que fazer na nossa quadra, mais tarde", disse o representante da Ilha do Governador.

O presidente da Grande Rio, de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), Helinho Oliveira, estimou que o fogo destruiu 98% do que tinha sido feito para o carnaval e que, a um mês do desfile, não haverá tempo para refazer carros alegóricos e fantasias.

Mesmo assim, Helinho convoca a comunidade para entrar na avenida: “O samba não foi queimado. A vontade da Grande Rio de ser campeã também não foi. Você, de Caxias, segure as lágrimas ou chore para extravasar, mas vamos desfilar. Vamos desfilar com roupa ou sem roupa. Faremos alguma fantasia , nem que seja uma pluma, nem que seja um biquíni com paetê”.

De acordo com o presidente da Portela, Nilo Figueiredo, a escola que tem mais títulos de campeã do carnaval carioca (21) perdeu cerca de 3 mil fantasias das chamadas alas da comunidade, integradas por moradores de Madureira, onde fica a quadra de ensaios, e de bairros vizinhos da zona norte do Rio.

Integrantes das escolas que não foram atingidas pelo incêndio, apesar de aliviados, também tiveram muito trabalho para ajudaram a retirar os carros alegóricos que se salvaram do fogo. Agora aguardam a liberação do Corpo de Bombeiros dos galpões incendiados, para tentar salvar o que for possível dos aleiês que ficavam nos andares superiores. Uma solidariedade que faz parte das relações entre as escolas de samba.

"Os barracões são sorteados. Isso poderia ter acontecido com qualquer escola ", disse a pesquisadora de samba-enredo Bianca Behrends, da Beija-Flor. " Por mais que a gente brigue pelo mesmo título, nós fazemos o carnaval juntas".

As causas do incêndio na Cidade do Samba ainda não foram esclarecidas. Ainda hoje (7), a Liga Independente das Escolas de Samba deve anunciar alterações no regulamento do desfile das escolas de samba deste ano.

Agência Brasil

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