terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Era do Radioteatro


Chegou a Niterói o livro que conta a história do radioteatro! Sem dúvida, uma grande notícia, não somente para aqueles que curtiram as novelas e os programas humorísticos, como também para quem quer conhecer uma época pujante do nosso rádio, que arrebatava emoções e que fazia o Brasil vibrar.

A Era do Radioteatro (Gramma Editora, 340 págs. R$35,00) é um registro da história de um gênero que, realmente, emocionou o Brasil. Contendo relatos de artistas, histórias saborosas e fotos de época, é produto de uma pesquisa feita, durante dez anos, por Roberto Salvador, um professor universitário que começou a carreira em rádio, aos 13 anos de idade, em programas da Rádio Nacional, e que chamou para si a responsabilidade de contar essa história.

Relatando a saga do radioteatro no Rio de Janeiro, desde suas primeiras experiências nos anos trinta até seu declínio nos anos oitenta, conta também as adaptações pelas quais passou o gênero, a partir dos anos 90 até nossos dias. É uma publicação que se caracteriza pelo ineditismo, uma vez que não existe nenhum outro trabalho que se dedique, exclusivamente, à caminhada desse gênero.

A obra não se limita à grandiosa participação da Rádio Nacional. Revela também o trabalho desenvolvido por outras emissoras, como as rádios Clube do Brasil, Tupi, Tamoio, Ministério da Educação, Mayrink Veiga, Roquette-Pinto e Globo. Fala dos radioatores, das técnicas de produção, dos principais programas e do papel político e social de um gênero que exerceu enorme influência nos brasileiros.

A radionovela foi o grande celeiro de fantásticos atores e atrizes, escritores, diretores, sonoplastas, alguns depois levados para a TV. Vocês sabiam que Fernanda Montenegro foi selecionada para o elenco de radioteatro da Rádio MEC com 14 anos de idade? Que o narrador Galvão Bueno é filho de Mildred dos Santos, uma das mais importantes mocinhas de radionovela dos anos 40? Quem teve o privilégio de conviver com o rádio desse tempo não esquece as interpretações de Ismênia dos Santos, Celso Guimarães , Ísis de Oliveira, Saint-Clair Lopes, Floriano Faissal, Rodolfo Mayer entre outros; a criatividade de Èdmo do Vale e Geraldo José na sonoplastia; os textos dramáticos de Oduvaldo Vianna e Gastão P. Silva, na criação de 75 novelas cada um, Amaral Gurgel que produziu 30, Ghiaroni, 28, Ivani Ribeiro, 16, Janete Clair, 13, para citar apenas alguns desses criadores de ilusões; o humor de Max Nunes e Chico Anysio e a presença marcante de Vitor Costa na direção das inesquecíveis novelas da Nacional.

A Era do Radioteatro revela ainda que, certamente, também se deve às radionovelas o sucesso comercial de vendas do que anunciavam nos seus intervalos, atraindo poderosos patrocinadores, o que garantia a permanência do cast de atores de peso nas emissoras, verdadeiras fábricas de ficção a serviço do entretenimento oferecido em diferentes horários na grade da programação.

O autor foi beber na fonte de Woody Allen em seu Radio Days. No filme ele mostra momentos de sua existência vividos ao som do rádio. Em seu livro, Roberto Salvador vai mostrando a história do rádio com pitadas de sua infância e juventude. Como cresceu ouvindo rádio e viveu atuando nele, Roberto entrelaça fatos com habilidade para encanto dos leitores.

“Tive o privilégio de saborear intensamente um bom período da Era do Radioteatro, convivendo com artistas e técnicos de alto nível, nas principais emissoras do Rio. Numa época em que todo o Brasil ouvia, vibrava, enfim, se emocionava com o radioteatro e as radionovelas, era eu ainda muito jovem para perceber suficientemente o alcance de tudo aquilo. Somente hoje, olhando para o passado, é que vislumbro a importância daqueles tempos, tanto para mim, particularmente, quanto para o público ouvinte. Por isso, escrevi este livro. Além de um tributo àqueles deliciosos tempos, é também um dever de minha parte, como professor, preservar para os mais jovens um pouco desse passado”, escreve Roberto na abertura de seu livro. E finaliza:

“Aos contemporâneos que lerem A Era do Radioteatro espero, sem pretensões, provocar um pouco de emoção ou, quem sabe, um nó na garganta ou um apertinho no peito”.

Se você é desse tempo, ouviu falar dele, ou tem um pai, mãe, tio ou avô que curtiu rádio, não pode faltar ao evento que acontece dia 8 de agosto, 2ª. Feira, no auditório da Câmara de Vereadores de Niterói, na av. Ernani do Amaral Peixoto,625. A partir das 18 horas, o autor fará umas palestra sobre radioteatro, ao som de trilhas de antigas radionovelas, fotos e vídeos sobre um rádio que deixou saudades. Depois estará autografando seu livro.

Roberto Salvador

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