domingo, 28 de agosto de 2011

Moradores acompanham em forma de protesto rebocamento do bonde que descarrilou em Santa Teresa

Cerca de cem moradores de Santa Teresa, na região central do Rio de Janeiro, fizeram um protesto na tarde de hoje (28). O grupo caminhou pelas ruas do bairro, à frente do caminhão que rebocava o bonde que descarrilou e tombou ontem (27), deixando cinco mortos e mais de 50 feridos. Os restos do veículo foram levados para a oficina de bondes, próximo ao local do acidente.

Indignados com a falta de manutenção das composições, que são símbolo da tradicional região da cidade, os manifestantes carregavam faixas com a inscrição “segurança” e cobravam providências por parte das autoridades.

A professora Simone Reichel, moradora do bairro, contou que chegou ao local do acidente antes das equipes do Corpo de Bombeiros. Ela disse que dificilmente vai esquecer as cenas de desespero a que assistiu. “Tinha muita gente machucada, com criança. A gente queria ajudar, mas não podia fazer muita coisa porque as pessoas estavam embaixo do bonde. Essa lembrança vai ser um trauma difícil de esquecer”, disse, enquanto acompanhava, da calçada, o trabalho da equipe de peritos na manhã de hoje.

Simone relatou que a superlotação das composições é um problema frequente. “Aquele bonde estava superlotado, mas não era só ele. Isso sempre acontece, todo mundo sabe. Não adianta promover a região como ponto turístico se a infraestrutura não caminha junto. O fluxo de pessoas aumenta e a vida aqui vai se tornando inviável”, lamentou.

Já o guia turístico Raphael Santana, que também mora em Santa Teresa, disse que tirou o passeio de bonde do circuito que faz com seus clientes. “Desisti de fazer meus clientes esperarem até duas horas para conseguir embarcar no bonde. A fila fica enorme porque não tem composição suficiente, além do estado em que elas se encontram, sem qualquer manutenção”, contou.

Raphael lamentou a morte do motorneiro Nelson Correia da Silva, de 57 anos. Segundo o rapaz, ele era conhecido no bairro por sua cautela na condução do bonde. “Ele era o nosso melhor condutor. Sempre andava com cautela, com cuidado. Todo mundo aqui comentava isso”, acrescentou.

A Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa divulgou, hoje, uma nota em seu site, lamentando o acidente, que definiu como “tragédia anunciada” e não “uma fatalidade”. A entidade reclama do “abandono de um bem tombado” e da superlotação, que, a seu ver, é “fruto do número reduzido de bondes em operação”.

Edição: Camilo Borges
EBC

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