terça-feira, 17 de abril de 2012

COMISSÃO DEFENDE TROCA DO INDEXADOR DA DÍVIDA DOS ESTADOS COM A UNIÃO‏

A Comissão de Tributação, Controle da Arrecadação Estadual e Fiscalização dos Tributos Estaduais da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, presidida pelo deputado Luiz Paulo (PSDB), mostrou-se contrária à intenção do Governo federal em adotar a taxa básica de juros da economia, a Selic, como o indexador das dívidas de estados e municípios e do Distrito Federal com a União. O presidente da comissão, no entanto, defendeu, durante reunião nesta segunda (16), a troca do atual fator de correção: o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna mais 6% a 9% ao ano.

“Todos os estados da federação estão insatisfeitos com a atual situação. Houve uma renegociação, em 1997, que previa que a divida seria corrigida pelo IGP-DI, mais um juro que estaria entre 6% e 9%. Hoje, os juros estão em queda. A União está propondo que o indexador passe a ser a Selic e não mais o IGP. Isso é um absurdo, pois a taxa básica de juros varia muito e poderia ser bem maior que as correções monetárias de mercado”, explicou o presidente da comissão.

Em 1997, o Governo federal aprovou a Lei, que estabelece critérios para a consolidação e o refinanciamento, pela União, da dívida pública mobiliária dos estados e do Distrito Federal. Na época, o Rio de Janeiro tinha uma dívida de R$ 28 bilhões. Com a lei, o estado conseguiu renegociar R$ 18,5 bilhões. Porém, com o indexador atual, essa divida hoje já ultrapassa o valor de 15 anos atrás, chegando a mais de R$ 40 bilhões.

Como opção ao modelo atual e à proposta do Governo federal, o senador Francisco Dornelles (PP/RJ) apresentou, em Brasília, o projeto de lei do Senado, para trocar o IGP-DI mais 6% a 9% ao ano pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, com idênticos percentuais e pelo mesmo período. "São muitas propostas apresentadas, mas o importante é buscar uma condição melhor, já que a conjuntura macroeconômica de 1997 era diferente da conjuntura de 2012. O importante é encontrar um consenso que mantenha a responsabilidade fiscal e que os estados tenham condições melhores para investir", argumentou Luiz Paulo.

O secretário de Estado de Fazenda, Renato Villela, fez coro com a comissão e explicou os motivos do movimento: "Na época da renegociação, o Brasil estava em uma situação econômica de pouco equilíbrio, com inflação elevada, taxa de juros estratosférica, com dificuldade de financiamento e com uma séria crise fiscal. Essas condições mudaram, mas os indexadores e taxas de juros da dívida não. Hoje, temos uma inflação controlada, uma taxa de juros cadente e as condições da dívida passaram a ser muito pesadas. Os estados estão pagando muito mais do que aquilo que seria razoável por conta da manutenção dessas variáveis", disse Villela.

Durante o encontro, o secretário declarou que o ideal seria "a desindexação total da dívida". Nesse caso, o estado trabalharia só com a taxa de juros. "Se o Governo federal ainda tiver alguma resistência a essa proposta mais ousada, o IPCA seria o indexador mais razoável. Teríamos uma taxa de juros de 3%", finalizou.

Outro tema bastante debatido durante o encontro foi o critério para repasse do Fundo de Participação dos Estados e Distrito Federal, criado em 1989 para equilibrar as receitas dos estados brasileiros. A ideia seria fazer com que os estados que arrecadassem mais, e, por consequência, repassam mais ao FPE, recebessem menos, alocando essa verba nos estados de menor arrecadação. Hoje, por exemplo, o Amapá tem quase 60% de sua receita vinda do fundo. Já o Rio de Janeiro é o segundo com menor repasse do FPE.

Segundo Luiz Paulo, mudar essa relação seria fundamental. "Nós, do Rio de Janeiro, contribuímos para esse fundo com mais de R$ 3,5 bilhões e recebemos anualmente não mais que R$ 750 milhões. Somos o penúltimo colocado em arrecadação, só perdendo para o estado que mais contribui, que é São Paulo. Para o Rio e São Paulo ganharem mais, outros terão que perder", argumentou o parlamentar do PSDB, completando: "O fundo não atende aos cinco estados que mais contribuem: São Paulo, Rio, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina", concluiu.

Também participaram do encontro Ricardo Brand, representante do Sindicato dos Fiscais de Renda do Rio; o presidente do Clube de Diretores Lojistas, Aldo Carlos Gonçalves; o gerente de Estudos Econômicos da Firjan, Guilherme Mercês, e o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Jonas Lopes.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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