sexta-feira, 1 de junho de 2012

COMITÊ REGISTRA REDUÇÃO DO NÚMERO DE MORTES MATERNAS NO ESTADO‏

O Estado do Rio de Janeiro registrou 182 óbitos maternos em 2010. A informação, contida no relatório anual do Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna, representa uma diminuição de 27 mortes, em relação ao ano de 2009. Os dados foram apresentados durante audiência pública realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de janeiro, nesta quinta (31). Para a presidente da comissão, deputada Inês Pandeló (PT), a diminuição dos óbitos era esperada devido a epidemia, em 2009, da gripe influenza A,  provocado pelo vírus H1N1. “Essa redução não é uma vitória completa. Uma morte já tem que ser motivo de indignação. Pelo menos 90% dessas mortes podiam ser evitadas. Esse tema tem que estar sempre na pauta”, argumentou a parlamentar. “A comissão tem que reiterar esse trabalho. A mulher tem que ter condições de vida”, reiterou a vice-presidente da comissão, deputada Graça pereira (PSD).

O relatório, apresentado pela médica Luciane Tavares Santiago, mostrou que as causas maternas diretas no estado do Rio de Janeiro correspondem a 66% dos óbitos. “Esse dado reflete a qualidade da assistência prestada ao pré-natal, parto e puerpério, afinal os óbitos obstétricos diretos são evitáveis na sua quase totalidade. Já os óbitos maternos indiretos podem ser reduzidos pela garantia de acesso das mulheres à assistência médica especializada e ao planejamento familiar”, explicou Luciane. A médica também reiterou que nos países de primeiro mundo os óbitos maternos indiretos são a principal causa de morte materna.

A falta de espaços para o debate deste tema foi lamentado pela coordenadora do comitê, Tizuko Shiraiwa. “Ainda são poucas as mulheres que recebem um bom atendimento. É um quadro dramático. Mesmo com o aumento das notificações e com a diminuição da fecundidade, continuamos com o índice de uma mulher morta a cada dois dias. E quatro vezes mais mulheres da raça negra”, afirmou Shiraiwa.

Para o médico da área técnica de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde, Thomaz Pinheiro, os esforços estão sendo feitos. “A Rede Cegonha já está instalada em algumas áreas do estado. A maternidade de baixo risco de Mesquita está em fase de inauguração. Teremos ainda a criação da Casa da Gestante, onde a grávida com problemas poderá ficar antes ou depois do parto”, declarou Pinheiro. Sobre a diferença entre o número óbitos de mulheres da raça negra, o médico afirmou que será criado um Comitê de Saúde da População Negra. A Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde, que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, e às crianças, o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis.

A comissão solicitará informações à Procuradoria Geral do Estado a respeito do processo sobre Alyne Silva Pimentel, grávida que morreu após esperar diversas horas em um hospital, sem atendimento, em Belford Roxo. Em agosto do ano passado, o caso foi levado ao Comitê das Nações Unidas pela Eliminação da Discriminação contra a Mulher (Cedaw, da sigla em inglês), que decidiu recomendar que os governos garantam que todas as mulheres, independentemente da classe social ou cor de pele, tenham acesso a serviços de saúde materna oportunos, não discriminatórios e adequados. Alyne tinha 28 anos, era negra, já tinha uma filha de cinco anos de idade e sofria de uma gravidez de alto risco. Também foram solicitadas à Secretaria de Estado de Saúde informações do andamento das construções de maternidades de baixo risco e casas de parto.

 Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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