quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

COMITÊ DEFENDE PENAS ALTERNATIVAS PARA COMBATER SUPERLOTAÇÃO‏

Revisão nos conceitos da Justiça prisional do estado, superlotação dos presídios, maus tratos e melhores condições básicas de higiene, alimentação e alocação de presos foram as principais conclusões apresentadas no primeiro relatório anual do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, divulgado nesta quarta (12), no Auditório Nelson Carneiro, prédio anexo ao Palácio Tiradentes. O órgão, que é um braço operacional do Comitê de Combate à Tortura, criado a partir de Lei, de autoria dos deputados Luiz Paulo (PSDB) e Marcelo Freixo (PSol) e do ex-deputado Jorge Picciani, inspecionou 60 espaços estaduais de privação de liberdade, como penitenciárias, instituições sócio-educativas e clínicas de reabilitação e psiquiátricas, durante o ano de 2012, para avaliar as condições das instalações.

“Muitos locais que nos receberam pecam de forma demasiada nas estruturas básicas de limpeza, espaço e alimentação. São problemas graves. Conceitos a serem revistos”, enfatizou Fábio Simas, assistente social e membro do grupo de trabalho. Outro fator de “fundamental importância” apontado por Simas é a “rigidez excessiva” da Justiça brasileira em muitos julgamentos. De acordo com o assistente social, o aprisionamento de milhares de pessoas no Rio é “tratado da forma errada”. “A justiça do Rio, ou melhor, a do Brasil, deveria rever certas conclusões sobre as condenações dadas aos cidadãos. Crimes menos graves, como pequenos furtos, não podem ser punidos com a mesma rigidez de um assassinato”, exemplificou.

Ao ser consultado sobre o tema, o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, deputado Marcelo Freixo, que participou de todas as etapas da criação do mecanismo, ressaltou a importância do acontecimento e se disse “feliz e esperançoso” com o futuro do combate à tortura no Rio. “Somos pioneiros na criação desse grupo de trabalho. Por isso, conseguimos criar certa vantagem em sua autonomia”, analisou, para então elogiar o primeiro ano de trabalho da equipe: “É bom saber que uma causa tão importante conta com pessoas tão boas. O trabalho preventivo realizado foi de extrema competência. É assim que conseguiremos mapear e lutar contra a tortura da maneira correta”.

Os próximos passos do mecanismo também foram apresentados no decorrer da reunião. Entre as principais preocupações da equipe de trabalho, está o futuro prisional no estado, que, de acordo com o relatório, sofrerá uma “iminente e grave superlotação nos próximos anos”. Para tentar combater essa séria situação foram apontadas soluções. “O sistema de Justiça prisional tem de compreender que a privação da liberdade não é a única medida possível para evoluirmos no combate à criminalidade. Se continuarmos nessa tomada, serão mais de 50 mil pessoas vivendo atrás das grades em 2016. Temos de superar o encarceramento desnecessário para conseguir retirar parte da população das condições de maus-tratos e tortura”, concluiu Simas.

Saiba mais sobre o Comitê de Combate à Tortura

Criado a partir da aprovação da Lei 5.778/10, em junho de 2010, e com o objetivo de cumprir protocolo das Nações Unidas, o Comitê de Combate à Tortura é formado pelas seguintes entidades: Ministério Público do Rio de Janeiro, Conselho Seccional da OAB-RJ, Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Conselho da Comunidade do Rio de Janeiro, Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, Conselho Regional de Psicologia-RJ, Conselho Regional de Serviço Social-RJ, Conselho de Direitos Humanos de Petrópolis, Grupo Tortura Nunca Mais, Justiça Global, Rede Contra a Violência e Projeto Legal, além da ONU, através de representantes. O órgão tem como principal objetivo fiscalizar, combater e prevenir a tortura e os maus tratos ao cidadão fluminense.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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