Em sua primeira
incursão aos aterros e lixões em funcionamento no estado, a
Comissão Especial da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criada para
acompanhar o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos observou falhas que justificam o trabalho de
fiscalização, como apontou sua presidente, deputada Janira Rocha (PSol). A visita, na última sexta-feira (03), ao novo aterro
sanitário de Anaia Pequeno, em São Gonçalo, e no ex-lixão, atualmente, aterro controlado do Morro do Céu, em Niterói,
apontou falhas de operação e levantou suspeitas de passivo social
de catadores não aproveitados pela cadeia da reciclagem. “Em São
Gonçalo, o aterro não tem tratamento para o chorume, que é levado
para ser tratado em uma estação. Já, em Niterói, vimos que
catadores não foram totalmente aproveitados pela reciclagem, que só
emprega 22 dos cerca de 300 que trabalhavam no lixão”, listou a
parlamentar, adiantando que a comissão ainda irá se debruçar sobre
a coleta seletiva, deficiente no estado: “Não dá para discutir
políticas de resíduos sólidos sem abordar esta questão”.
O grupo já tem duas
visitas agendadas para esta segunda (06): ao aterro
sanitário de Itaboraí, às 9h, e ao lixão desativado de Itaoca, em
São Gonçalo, às 13h. Além dos locais de
despejo de lixo, a comissão visitou a Estação de Tratamento de
Esgoto em Icaraí, que recebe chorume, líquido que resulta da
putrefação de matérias orgânicas, altamente poluente do Morro do
Céu, Seropédica, Nova Iguaçu, Alcântara e Itaboraí. A visita foi
realizada após a ida ao aterro controlado do Morro do Céu, que
encerra suas atividades em 21 de julho, quando expira sua licença.
Ex-lixão, o local ganhou drenos de chorume e gás e, atualmente,
recebe apenas o lixo coletado com a varrição da limpeza pública.
Representante da
empresa concessionária que administra a área, a Econit, Renato
Giovanni informou que chegam ao local cerca de seis mil toneladas de
lixo por mês. O lixo domiciliar de Niterói, de 12 mil toneladas por
mês, é levado ao aterro de Itaboraí. O local não é mais
frequentado por catadores, que trabalham por ali apenas na triagem do
lixo reciclável, levado, em seguida, para um galpão oferecido à
Cooperativa de Catadores do Morro do Céu. O grupo reúne 22 dos
cerca de 300 ex-catadores que trabalharam no lixão. Entre eles,
Jaqueline dos Santos, de 30 anos, há dez trabalhando com reciclagem
no local. “Trabalhava no lixão, mas, quando ele foi fechado, fui
vender cosméticos. Depois, quando soube da cooperativa, voltei”,
conta.
Jaqueline explica que
preferiu voltar por se sentir mais à vontade na função de
recicladora. “É um trabalho que sei fazer, onde tenho
conhecimento”, disse, contando que recebe entre R$ 700 e R$ 800 por
mês. O grupo de catadores vem sendo orientado pela Companhia de
Limpeza de Niterói antes de conquistar a autonomia na gestão
de sua cooperativa. A comissão encerrou sua visita no aterro
sanitário de Anaia Pequeno, ou Centro de Tratamento de Resíduos, em São Gonçalo. Criado há pouco mais de um ano, ele recebe
1,6 mil toneladas de lixo por dia, da prefeitura e de empresas
particulares. Sob as camadas de argila, lona plástica e gel têxtil,
há 600 mil toneladas de lixo, cujo chorume é despejado em lagoas de
acumulação com capacidade de até sete mil m³ antes de seguirem
para a estação de tratamento.
De acordo com o gerente
de operações do CTR, Fábio Matsumoto, o tratamento do dejeto,
atribuição dos centros, ainda não acontece porque a estação de
tratamento do local está sendo licitada. “A previsão é de que o
tratamento seja iniciado até o final do ano”, afirmou Matsumoto. O
aterro tem licença para operar até 2019.
Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges
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