domingo, 5 de maio de 2013

VISITAS A ATERROS APONTAM PRIORIDADE DE COMISSÃO ESPECIAL DOS RESÍDUOS‏

Em sua primeira incursão aos aterros e lixões em funcionamento no estado, a Comissão Especial da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criada para acompanhar o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos observou falhas que justificam o trabalho de fiscalização, como apontou sua presidente, deputada Janira Rocha (PSol). A visita, na última sexta-feira (03), ao novo aterro sanitário de Anaia Pequeno, em São Gonçalo, e no ex-lixão, atualmente, aterro controlado do Morro do Céu, em Niterói, apontou falhas de operação e levantou suspeitas de passivo social de catadores não aproveitados pela cadeia da reciclagem. “Em São Gonçalo, o aterro não tem tratamento para o chorume, que é levado para ser tratado em uma estação. Já, em Niterói, vimos que catadores não foram totalmente aproveitados pela reciclagem, que só emprega 22 dos cerca de 300 que trabalhavam no lixão”, listou a parlamentar, adiantando que a comissão ainda irá se debruçar sobre a coleta seletiva, deficiente no estado: “Não dá para discutir políticas de resíduos sólidos sem abordar esta questão”.


O grupo já tem duas visitas agendadas para esta segunda (06): ao aterro sanitário de Itaboraí, às 9h, e ao lixão desativado de Itaoca, em São Gonçalo, às 13h. Além dos locais de despejo de lixo, a comissão visitou a Estação de Tratamento de Esgoto em Icaraí, que recebe chorume, líquido que resulta da putrefação de matérias orgânicas, altamente poluente do Morro do Céu, Seropédica, Nova Iguaçu, Alcântara e Itaboraí. A visita foi realizada após a ida ao aterro controlado do Morro do Céu, que encerra suas atividades em 21 de julho, quando expira sua licença. Ex-lixão, o local ganhou drenos de chorume e gás e, atualmente, recebe apenas o lixo coletado com a varrição da limpeza pública.


Representante da empresa concessionária que administra a área, a Econit, Renato Giovanni informou que chegam ao local cerca de seis mil toneladas de lixo por mês. O lixo domiciliar de Niterói, de 12 mil toneladas por mês, é levado ao aterro de Itaboraí. O local não é mais frequentado por catadores, que trabalham por ali apenas na triagem do lixo reciclável, levado, em seguida, para um galpão oferecido à Cooperativa de Catadores do Morro do Céu. O grupo reúne 22 dos cerca de 300 ex-catadores que trabalharam no lixão. Entre eles, Jaqueline dos Santos, de 30 anos, há dez trabalhando com reciclagem no local. “Trabalhava no lixão, mas, quando ele foi fechado, fui vender cosméticos. Depois, quando soube da cooperativa, voltei”, conta.



Jaqueline explica que preferiu voltar por se sentir mais à vontade na função de recicladora. “É um trabalho que sei fazer, onde tenho conhecimento”, disse, contando que recebe entre R$ 700 e R$ 800 por mês. O grupo de catadores vem sendo orientado pela Companhia de Limpeza de Niterói antes de conquistar a autonomia na gestão de sua cooperativa. A comissão encerrou sua visita no aterro sanitário de Anaia Pequeno, ou Centro de Tratamento de Resíduos, em São Gonçalo. Criado há pouco mais de um ano, ele recebe 1,6 mil toneladas de lixo por dia, da prefeitura e de empresas particulares. Sob as camadas de argila, lona plástica e gel têxtil, há 600 mil toneladas de lixo, cujo chorume é despejado em lagoas de acumulação com capacidade de até sete mil m³ antes de seguirem para a estação de tratamento.

De acordo com o gerente de operações do CTR, Fábio Matsumoto, o tratamento do dejeto, atribuição dos centros, ainda não acontece porque a estação de tratamento do local está sendo licitada. “A previsão é de que o tratamento seja iniciado até o final do ano”, afirmou Matsumoto. O aterro tem licença para operar até 2019.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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