sábado, 15 de junho de 2013

CPI DAS CONSTRUTORAS QUER OUVIR IMOBILIÁRIAS‏

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criada para apurar as causas relativas ao atraso na entrega de imóveis pelas construtoras no estado aprovou a proposta feita durante a reunião, realizada nesta sexta (14) no Palácio Tiradentes, para convocar as imobiliárias responsáveis pelos empreendimentos vendidos e relatados com problemas. “Aprovamos a proposta dada pelo depoente por conta da importância do relato sobre as instituições intermediárias entre as construtoras e os compradores”, confirmou o presidente da CPI, deputado Gilberto Palmares (PT).

A proposta foi feita pelo mutuário José Osório, que comprou um imóvel em São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos, em abril de 2011, na planta e com pagamento à vista. O negócio foi feito através da Imobiliária Júlio Bogoricin. Segundo José, a construtora AG Prima, responsável pela construção, não era a proprietária do terreno, tampouco a imobiliária. “Foram vendidos mais de 200 imóveis que não serão construídos, pois os donos da área a ser construída entraram com uma ação judicial pedindo a reintegração do terreno. Eu comprei com a imobiliária, inclusive eu tenho o recibo de pagamento, então a mesma também tem que ser responsabilizada”, relatou Osório, que disse, ainda, que a Júlio Bogoricin nega a responsabilidade pela venda.

Outros compradores também trouxeram queixas à comissão. O advogado e mutuário Erick Tavares falou sobre alguns dos problemas que enfrenta com o empreendimento Grand Valley, situado no bairro de Icaraí, em Niterói. “Comprei meu apartamento em novembro de 2007, e a entrega estava prevista para novembro de 2010. Precisamos entrar com uma pedido junto ao Ministério Publico, que impôs à construtora Gafisa S.A. uma multa elevada por dia de atraso. Por fim, recebemos o imóvel somente em dezembro de 2012”, disse o advogado, que comentou, ainda, que muitas unidades estão com vazamentos e infiltrações. "Além disso, quando recebemos os imóveis o elevador apresentava problemas por falta de manutenção, pois a Gafisa S.A não pagava à empresa responsável", acrescentou.

O advogado Marcelo Funes compareceu ao debate representando 150 famílias que, após dois anos de atraso, estão começando a receber as unidades do Condomínio Eco Park, no bairro de Maria Paula, em Niterói. Segundo Funes, a construtora Living alegou carência de mão de obra como motivo para o atraso na entrega. Segundo ele, porém, apesar da entrega dos apartamentos já ter começado, os mesmos estão sem condição de habitabilidade: 83 unidades foram reprovadas por uma fiscalização da Caixa Econômica Federal, por conterem vazamentos que comprometiam a estrutura. “Foi realizada uma representação junto ao MP, foi instaurado o inquérito e conseguimos 27 itens que a construtora se comprometeu a fazer dentro do empreendimento, uma nova esperança para as pessoas”, explicou Marcelo, que citou problemas além dos transtornos financeiros. “Essas pessoas foram lesadas nos âmbitos social, moral e psicológico. Esta semana soubemos que um casal se separou por conta do desgaste de não ter sua casa própria”, finalizou.

A CPI pretende convocar, além das imobiliárias, a Caixa Econômica Federal, entidade que concedeu alguns dos financiamentos, e as construtoras responsáveis pelas obras. “Esses adquirentes foram lesados criminalmente. Está comprovada a necessidade da comissão ouvir prefeituras, instituições financeiras responsáveis pelos financiamentos e as construtoras, enfim, todos os setores que fazem parte do processo imobiliário”, concluiu Palmares, frisando que o próximo passo será convocar os sindicatos ligados a área da construção civil no estado e outros mutuários. 

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário