terça-feira, 30 de maio de 2017

"Escola sem Partido" acirra os ânimos em audiência na Câmara de Niterói

Palmas, aplausos, vaias, gritos, xingamentos e, em alguns momentos, ofensas pessoais, marcaram a audiência pública sobre a Escola Sem Partido. A proposta, de autoria dos vereadores Carlos Jordy (PSC) e Carlos Macedo (PRP), tramita na Câmara de Niterói, e tem dividido opiniões. Na noite desta segunda-feira (29), plenário, galerias, balcão superior e todo o hall de entrada do prédio do Legislativo foram completamente tomados por contrários e favoráveis ao projeto.
Formando a mesa principal, além de Jordy, que preside a Comissão de Educação da Casa, e Macedo, sentaram-se o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC); o procurador paulista Miguel Nagib, autor da proposta a nível nacional; o vereador carioca Tarcísio Motta (PSOL), a professora Therezinha Machado, presidente da União dos Professores Públicos Estaduais e a professora do Liceu Nilo Peçanha, Eliane Silva. Antes de abrir a fala aos presentes os integrantes da mesa apresentaram seus pontos de vista.

O advogado Miguel Nagib disse que, mesmo que o Supremo Tribunal Federal considere o projeto inconstitucional, uma longa batalha jurídica será travada. “Mesmo que não passe a matéria no Congresso um professor pode ser processado por incutir mensagens políticas aos alunos em sala de aula. Tudo que o projeto de lei prevê já está na constituição. Os jovens hoje em dia são manipulados na escola como massa de manobra. O que queremos é colocar cartazes com os deveres dos professores e os direitos dos alunos”, disse o professor.

Contrário ao projeto, o vereador e professor Tarcísio Motta ressaltou que a liminar concedida pelo ministro do STF, Luís Roberto Barroso, deixa clara que a matéria pode dar margem a perseguição ideológica. “O professor não pode ter medo de expor suas ideias em sala de aula. Educação se faz com convivência democrática das ideias. A escola é lugar para desvendar horizontes, lugar de pluralidade, de diálogo. Não basta que não tenha racismo, é preciso combater o racismo. Não basta dizer ‘Eva viu a uva’. É necessário definir o papel de Eva na sociedade e discutir o processo de produção da uva”, disse Tarcísio.

O deputado Bolsonaro e a professora Therezinha defenderam a aprovação do projeto. A professora Eliana foi contra a proposta. Além dos já citados também compareceram o deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), e os vereadores Bira Marques, Paulo Eduardo Gomes, Paulo Henrique Oliveira, Ricardo Evangelista, Sandro Araújo e Talíria Petrone. A secretaria municipal de Educação não mandou representantes à audiência.


Ascom CMN
Edição: Camilo Borges

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