quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CPMI DISCUTE DENÚNCIAS DE MOVIMENTOS FEMINISTAS EM AUDIÊNCIA NA ALERJ‏

Os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Federal que investiga a violência contra a mulher foram encerrados no estado do Rio, nesta quarta (07), com uma audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Os objetivos da CPMI são investigar a situação do estado quanto ao cumprimento das leis em defesa da mulher e apurar as denúncias dos movimentos sociais sobre omissão do poder público. A presidente da CPMI, deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), comentou o caso do Rio: “Assim como em todo Brasil, encontramos, no Rio, três fenômenos: ausência de informação, estrutura precária das delegacias e falta de articulação entre as entidades responsáveis”.
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj, deputada Inês Pandeló (PT), disse que vê o relatório da CPMI como um instrumento para futuras ações. “A Lei Maria da Penha foi um avanço, mas ela ainda é nova e, por isso, sofre resistência devido à cultura machista que foi sendo impregnada ao longo dos séculos. A comissão vai esmiuçar o relatório e buscar avançar para desatar os nós que existem aqui no nosso estado”, avaliou. Relatora da comissão nacional, a senadora Ana Rita (PT-ES) afirmou que “o Rio tem uma estrutura de equipamentos interessante”. “Aqui há delegacias especializadas, Defensoria, Ministério Público e juizados. Entretanto, se percebe que há aspectos a melhorar”, acrescentou.
Ana Rita declarou que o número de funcionários nas delegacias é insuficiente e que, muitas vezes, eles não são bem capacitados ou estão no fim da carreira. “Por isso, os processos acabam tendo que ser revistos na Defensoria Pública ou em algum juizado. Isso é uma perda de tempo, pois se demora muito para conceber as medidas protetivas”, registrou. Segundo a relatora, falta comunicação entre os órgãos que atendem as mulheres em situação de violência. “É preciso haver um diálogo maior para que se busque soluções em conjunto”, defendeu. A relatora acredita que há, no estado, necessidade de criação de uma secretaria voltada exclusivamente para as questões das mulheres.

Durante os três dias em que membros da CPMI estiveram no Rio, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e o Centro Integrado de Atendimento à Mulher (Ciam), ambos no Centro do Rio, foram visitados. As parlamentares também se reuniram com os movimentos organizados de mulheres. A CPMI foi instalada em fevereiro deste ano e já visitou 11 estados. Jô Moraes afirmou que a equipe da CPMI ainda visitará três estados até o fim de 2012. “Concluiremos os trabalhos com uma audiência pública que contará com a presença dos ministros da Justiça e do Planejamento e com o Conselho Nacional de Justiça”, afirmou.

A deputada federal disse que, com a finalização de um relatório, a comissão mista terá indicações de alterações na legislação e poderá, assim, alertar para a necessidade de que se estabeleça um orçamento para as políticas públicas de enfrentamento da violência contra a mulher. A audiência pública na Alerj contou com a presença de delegadas de polícia e de representantes das secretarias de Estado de Saúde e de Assistência Social e Direitos Humanos, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos movimentos feministas.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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