sexta-feira, 7 de junho de 2013

CASOS DE ESTUPRO NO ESTADO DO RIO AUMENTARAM 24,1% ENTRE 2011 E 2012‏

Em 2012, 6.029 pessoas foram vítimas de estupro em todo o estado, um número 24,1% maior do que no ano anterior, sendo que a maioria dos casos ocorreu nas cidades de Nova Iguaçu, Queimados e Mesquita, todas na Baixada Fluminense. O dado foi apresentado pelo Instituto de Segurança Pública, nesta quinta (06), em uma audiência realizada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Presidente do colegiado, a deputada Inês Pandeló (PT) informou que pretende criar um comitê para gerir um sistema integrado de registros de violência, o Observa Mulher-RJ. “Existem os dados nas delegacias e a tendência é que eles cresçam, abordando a área da Saúde, com mulheres que não denunciam, mas procuram os hospitais após os abusos. Queremos todos os casos registrados”, explicou a parlamentar.

Inês também comentou que pretende enviar ofícios às prefeituras e ao Governo do estado, buscando relatórios sobre a violência contra mulheres e crianças e sobre o efetivo policial atuante em diversas regiões, com o objetivo de descobrir se as áreas onde ocorre um maior número de casos de estupro possuem contingente de Segurança menor ou inadequado. Chefe de Polícia Civil, a delegada Martha Rocha esteve no encontro e apresentou um relatório dos casos de estupro no estado de janeiro a abril de 2013. Os dados da Polícia Civil registram 1.822 registros de estupro e, no mesmo período, a prisão de 70 pessoas pelo crime. Martha ainda declarou que uma série de fatores pode ser responsável pelo aumento desse tipo de crime no estado: “Aumentou o número de denúncias e a nova tipificação foi alterada e, agora, engloba qualquer ato libidinoso, envolvendo tanto mulheres quanto homens. Sem dúvida, a possibilidade de qualquer pessoa notificar, pois antes só a parte interessada podia fazer isso, também contribui para esse crescimento”.

A coordenadora do Núcleo de Pesquisa do ISP, Andreia Soares, disse que não há como constatar se houve um aumento no número de casos ou no número de denúncias. “Cresceu o número de registros. Se isso é uma consequência apenas do número de estupros, só um estudo mais aprofundado poderá nos dar a resposta”, reforçou. Ainda segundo os dados do instituto, 51,4% dos estupros ocorridos no estado no ano passado podem ser classificados como “estupro de vulneráveis”, pois as vítimas tinham entre zero e 14 anos de idade. Além disso, mais da metade delas, 51,1%, tinha relações próximas com seus agressores, sendo que, em 29,7% dos casos, essa relação era de parentesco.

A subsecretária estadual de Políticas para as Mulheres, Ângela Fontes, informou que duas unidades móveis do programa “Mulher, viver sem violência”, lançado pelo Governo federal, irão percorrer o estado buscando mulheres do campo que não têm atendimento por estarem distantes dos centros de acolhimento. “Essas unidades estarão disponíveis, provavelmente, em outubro. Estamos analisando os caminhos que iremos percorrer e que regiões serão atendidas”, anunciou. Ângela disse que a secretaria vem buscando medidas para diminuir esses crimes e atender as vítimas. Entre alguns projetos, estão o acolhimento, nos Centros Integrados de Apoio à Mulher Regional da Baixada, em Nova Iguaçu, e Márcia Lyra, no Centro do Rio, às mulheres que sofreram violência doméstica.

Durante a audiência, a deputada Inês Pandeló também falou sobre a aprovação, na última quarta (05), pela Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, do projeto de lei que cria o Estatuto do Nascituro. O projeto garante uma ajuda de custos no valor de um salário mínimo para vítimas de estupro que venham a engravidar e que queiram criar os seus filhos, estimulando-as a não abortar. “Acho um retrocesso. O que está por trás disso? A culpabilização da mulher. Nesse caso, o texto está dizendo: olha, o estado está dando condições para você criar o seu filho. Então, você está jogando a culpa na mulher, ao invés de buscar e punir o verdadeiro culpado”, finalizou.

Comunicação Social da Alerj
Edição: Camilo Borges

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