A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro discutiu nesta terça (19) o futuro do antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social, na Rua da Relação, no Centro do Rio. Para a Comissão Estadual da Verdade, o lugar deve ser transformado em um centro de memória das torturas praticadas durante a ditadura militar (1964/85) e o Estado Novo (1937/45). Já a Polícia Civil, a quem o edifício pertence hoje, pretende fazer ali um museu para a corporação.
Inaugurado em 1910 pelo presidente Nilo Peçanha, para abrigar a Chefia de Polícia Civil e as delegacias especializadas do então Distrito Federal, o edifício já foi sede de um museu do crime. Segundo o assessor especial de Relações Institucionais da Polícia Civil, Gilbert Stivanello, o projeto do centro cultural inclui também um café literário, exposições temporárias e salas para abrigar movimentos sociais. “A história da Polícia Civil está naquele prédio. Queremos recuperá-lo para montar um museu, com visitas guiadas, auditório e exposições. A Alemanha preserva os campos de concentração, usados na Segunda Guerra Mundial para exterminar prisioneiros judeus e temos 104 anos de história ali. É preciso ter memória para não repetir erros do passado”, defendeu Stivanello.
Já a presidente da Comissão Estadual da Verdade, a advogada Nadine Borges, cobrou uma promessa feita pelo Governo de cessão do edifício para sediar um espaço de memória dedicado às vítimas dos regimes ditatoriais do país: “A gente precisa que os jovens conheçam a História do Brasil e isso só é possível com a preservação da memória. Não existe um local melhor no país para fazer um centro de memória como esse do que naquele prédio”.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado Marcelo Freixo (PSol) propôs a realização de uma nova audiência, em novembro, com representantes do governo atual e do que assumirá o estado em janeiro. Entre as decisões tomadas na reunião estão a solicitação de tombamento definitivo do edifício e a sua transferência para a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
“O prédio do Dops é público e tem de atender ao interesse público, e não há sentido em haver um cabo de guerra com a Polícia Civil, que tem todo o direito de ter o seu espaço de memória, mas aquele ali tem outra referência histórica mais forte para a defesa dos direitos humanos. Espero que esse diálogo se aprofunde ainda mais”, disse Marcelo Freixo.
Comunicação Social da Alerj
Nenhum comentário:
Postar um comentário